Fonte: g1.globo.com
Edição: Jorge Luiz da
Silva.
Serrinha,
BA (da redação Itinerante)
Foto: oplanetatv.clickgratis.com.br
Pivô da polêmica das biografias, Roberto Carlos
decidiu falar pela primeira vez sobre o assunto. E apresentou um ponto de vista
mais flexível do que as ideias que vinha defendendo.
Em entrevista a Renata Vasconcellos, ele também fez
uma revelação: está preparando a própria biografia.
Abril de 2007.
Em consequência de uma ação judicial movida por
Roberto Carlos, milhares de exemplares da biografia "Roberto Carlos em
detalhes", escrita pelo jornalista e historiador Paulo César de Araújo,
são recolhidos das livrarias em todo o país.
Outubro de 2013.
O grupo Procure Saber, do qual Roberto faz parte,
ao lado de outros artistas, faz um anúncio: eles não aceitam mudanças na lei
que trata de biografias no Brasil. Querem que o biografado continue a ter o
direito de proibir uma obra não-autorizada.
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Mas, neste fim de semana, em entrevista ao
Fantástico, Roberto Carlos apresentou uma posição mais flexível. Falou até em
aceitar biografias não-autorizadas, desde que haja um acordo entre os
envolvidos. Não especificou que acordo seria esse.
Renata Vasconcellos: O que você acha do projeto de
lei que está no Congresso e que permite, que pretende liberar a publicação de
biografias sem a autorização do biografado?
Roberto Carlos: O que eu acho é que tem que se
conversar. Tem que se conversar e chegar a esse equilíbrio.
Renata: Especificamente sobre esse projeto de lei,
você é a favor ou contra?
Roberto Carlos: Eu sou a favor, eu sou a favor.
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Renata: Você mudou de opinião?
Roberto Carlos: Não é que eu mudei de opinião. Há
algum tempo, pra gente proteger o direito à privacidade, só existia uma forma.
Não permitir uma biografia não-autorizada.
Renata: Contra calúnia, difamação, o caminho da
Justiça não basta? Não cabem processos, pedidos de indenização?
Roberto Carlos: É. Só que o resultado vem um pouco
tardio. Depois que todo mundo já leu, já viu na internet. Alguns já compraram
até os livros, aqueles que foram colocados à venda. Isso não funciona muito
não.
Renata: As pessoas não podem julgar pelo critério
próprio se vale a pena dar respaldo para o que está escrito ou não? Deixar as
pessoas avaliarem?
Roberto Carlos: Não. Nesse caso, não.
Renata: Qual seria o caminho, então?
Roberto Carlos: Conversar, discutir. Chegar a uma
conclusão que seja mais razoável pra todo mundo.
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Roberto defende que uma nova lei estabeleça limites
ao tipo de informação a ser divulgado.
Roberto Carlos: Desde que os juristas, vamos dizer
assim, realmente estudem muito bem isso e estabeleçam algumas regras que não
prejudiquem o biografado.
Renata: Você hoje é favor das biografias sem
autorização prévia?
Roberto Carlos: Sem autorização. Porém, com certos
ajustes.
Renata: Que ajustes seriam esses?
Roberto Carlos: Isso aí tem que se discutir. São
muitas coisas. Tem que haver um equilíbrio e alguns ajustes para que essa lei
não venha a prejudicar nem um lado, nem outro. Nem o lado do biografado, nem o
lado do biógrafo. E que não fira a liberdade de expressão e o direito à
privacidade.
Renata: Você permitiria a biografia que foi feita a
seu respeito há alguns anos?
Roberto Carlos: Isso tem que ser discutido.
O livro "Roberto Carlos em detalhes" está
fora de circulação até hoje.
Roberto Carlos: O biógrafo também pesquisa uma
história que está feita. Que está feita pelo biografado. Então ele na verdade
ele não cria uma história. Ele faz um trabalho e narra aquela história que não
é dele. Que é do biografado. E partir do que ele escreve, ele passa a ser dono
da história. E isso não é certo.
Renata: Por uma questão também comercial?
Roberto Carlos: Por tudo.
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E, em meio ao debate, o Rei também faz uma
revelação: já está preparando uma autobiografia.
Roberto Carlos: Eu estou escrevendo a minha
história. E informando muito mais a essas pessoas sobre a minha vida, sobre as
minhas coisas, muito mais do que qualquer outra fonte.
Renata: Quem escreveria a biografia do Roberto
Carlos com as bênçãos do Rei?
Roberto Carlos: Eu. Detalhes que com certeza não
vão estar em outras biografias.
Renata: Mas às vezes o biografado não quer contar
tudo, né, Roberto.
Roberto Carlos: Sim, mas eu vou contar tudo que eu
realmente acho que tem sentido de contar em relação àquilo que eu senti, que eu
vivi.
O Rei pela primeira vez fala de um tema delicado:
diz que vai abordar no livro o acidente que sofreu aos seis anos de idade. Ele
foi atropelado por um trem e perdeu parte da perna direita. Essa história
consta da biografia de 2007, que Roberto mandou recolher.
Roberto Carlos: Pessoas têm dito que eu sou contra
por causa do meu acidente, que foi contado, essas coisa toda. Não é isso, não.
Eu quando escrever meu livro eu vou contar do meu acidente. Ninguém poderá
contar do meu acidente melhor que eu. Ninguém poderá dizer aquilo que aconteceu
com todos os detalhes que eu posso. Porque ninguém poderá dizer o que eu senti
e o que eu passei. Desculpa a rima, porque isso aí só eu sei.
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Roberto está gravando seus depoimentos, e procura
um autor que dê forma final ao livro ou livros.
Roberto Carlos: Também não sei se vai caber num livro
só. Talvez dois ou três livros pra escrever toda a minha história.
Renata: A vida do Roberto não cabe num livro só.
Roberto Carlos: São muitos anos. Sabe?
Renata: Muito obrigada.
Roberto Carlos: Obrigado, você.
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