Fonte: Cubedorei.com.br
Fotos: Marcos Ribas, Renan Katayama e Caio Duran/Photo Rio News
Edição: Jorge Luiz da Silva
Serrinha, BA (da redação Itinerante)
O
produtor musical e baterista criou o show 'RC na Veia', uma releitura
dos grandes sucessos do pai. Ele se apresenta em São Paulo no
próximo fim de semana.
Dudu
Braga cresceu vendo seu pai ser o cantor mais admirado do Brasil.
Filho mais velho de Roberto Carlos, foi praticamente inevitável seu
envolvimento com a música. Agora, aos 46 anos, o produtor musical e
baterista reuniu amigos em um projeto que faz homenagem ao Rei e
reúne grandes sucessos com uma pegada bem rock and roll, o show 'RC
na Veia'.
"Faço
palestras para pessoas com deficiências visuais e, de vez em quando,
finalizava os eventos tocando. Resolvi tocar algumas músicas do
paizão em ritmo de rock and roll e ficou tão bom que decidimos
fazer um show só disso", conta. "Ele é muito mais
roqueiro do que possa parecer. As pessoas esquecem que a Jovem Guarda
era o rock na época", completa.
Ao
lado de Alex Capela (vocal), Fernando Myata (guitarra) e Juninho
Crispim (baixo), ele se apresenta nos dias 26 e 27 de junho no Tom
Jazz, em São Paulo. Em bate-papo com CARAS Digital, Dudu Braga falou
sobre a infância, os pitacos do pai no trabalho, a polêmica das
biografias não autorizadas e o projeto para ajudar pessoas que,
assim como ele, têm deficiência visual.
Dudu Braga se emociona com participação de Roberto Carlos em show.
Confira
o bate-papo!
CARAS:
Como foi a escolha do repertório?
DUDU
BRAGA: A gente partiu de uma lista que eu mesmo fiz, meus amigos
deram alguns pitacos, mas acho que sou melhor conhecedor de Roberto
Carlos do que eles. Foram surgindo algumas músicas que não estavam
no repertório. A gente não tocava 'Esqueça', por exemplo, que fez
sucesso na voz dele. Começamos a pegar algumas românticas em ritmo
de rock, algumas pós-Jovem Guarda. Tocamos 21 músicas e uns 60% é
Jovem Guarda.
CARAS:
Ele também deu seus pitacos?
DUDU
BRAGA: Sempre, tem que dar... eu até queria que ele desse. Ele dá
uns toques, por exemplo, uma música que a gente estava fazendo um
pouco mais rápida, ele disse que se tocássemos mais lenta ficaria
melhor. Quem sou eu para desdizer o Rei? (risos).
CARAS:
Você cresceu tendo um pai famoso. Como foi sua infância e
adolescência em meio a ídolos da música?
DUDU
BRAGA: Na verdade, cresci nesse meio até meus nove anos. Depois que
meus pais se separaram, ele morava no Rio de Janeiro e eu em São
Paulo. Meu pai é um cara que tem uma agenda muito complicada, não
dava para acompanhá-lo. Eu participava, mas não convivi muito com
os artistas, só quando ia passar o final de semana com o paizão. O
Erasmo é meu padrinho de batismo, mas não me considero um cara que
convivi com os famosos.
CARAS:
Ele influenciou você na carreira musical?
DUDU
BRAGA: Totalmente. Descobri a música principalmente por ele, claro.
A época que mais me apaixonou foi o final da Jovem Guarda. De 1968 a
1974 é a época que eu mais gosto dele. E tem também o Led
Zeppelin, minha parte roqueira é total vinda deles. Amo o que ele
faz, como ele trata a música.
CARAS:
Por ser filho de um cantor muito famoso e ter optado pela carreira
musical, você sentiu cobranças?
DUDU
BRAGA: Acontece sim, existe esse tipo de comparação, mas existe
mais a autocobrança. Por ser filho de um cara famoso nós mesmos nos
cobramos pelo nosso referencial ser muito alto. Sempre me cobrei
muito. Acho que demorei para entrar no mundo musical por causa disso.
Tentei achar minha própria identidade, acho que todo adolescente tem
isso. Acho que todo filho que resolve seguir a profissão do pai,
seja ela qual for, passa por isto.
CARAS:
Ele era rígido com você?
DUDU
BRAGA: Ele sempre me deixou muito à vontade e é muito
participativo. Quando estava compondo, ele sempre chamava eu e meus
irmãos para a gente ouvir e falar o que achava. Nunca foi muito
fechada essa questão pra ele. Confesso que, na primeira vez que eu
toquei, em uma apresentação um ano atrás, e ele foi ouvir, sabia
que com o Rei lá eu estaria numa pressão muito maior. Mas eu queria
muito que ele fosse. E ele foi e até cantou com a gente.
CARAS:
Roberto Carlos falou sobre as biografias não autorizadas. E a
publicação destas obras foi aprovada recentemente pelo Supremo
Tribunal Federal. Qual a sua opinião sobre o assunto?
DUDU
BRAGA: Acho que isso foi tratado com certa virulência. Entendo quem
defende as biografias não autorizadas, mas eu, como filho de artista
e artista (entre aspas), fiquei um pouco chateado. Você querer
manter privacidade de certos detalhes da sua vida é um argumento tão
fraco assim? Acho que lei é lei, mas a Justiça não tem condição
de julgar com tanta sensibilidade certas questões, é um pouco mais
dura. Se eu me sentir ofendido posso pedir uma retratação,
perfeito, mas o judiciário brasileiro é lento. Estamos em novos
tempos, hoje em dia se você quiser fazer pesquisa você usa a
internet, eu não sou contra nenhum tipo de reportagem. Acho que a
pessoa não tendo cometido nenhum crime não vejo porque ela não
autorizar. Mas concordo com meu pai que a nossa história é nossa.
Detalhes sobre com quem um artista transou, por exemplo, são muito
íntimos. Acho que a gente tem esse direito (de não falar). Mas
queria dizer que eu adoro ler biografias.
CARAS:
Você continua com as palestras para pessoas com deficiências
visuais?
DUDU
BRAGA: Sim, e a minha palestra é nome de uma música dele 'É
Preciso Saber Viver'. Trabalhei com a Gloria Perez na novela América,
na Globo, eu tinha um piloto de programa que mandei para ela. Faço
pelo Brasil inteiro, onde me chamarem. E estou fazendo um trabalho
muito legal com a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com
Deficiência e a Secretaria de Educação de São Paulo nas
comunidades carentes.
CARAS:
Quais sãos os próximos passos da banda?
DUDU
BRAGA: Vamos fazer shows em alguns estados. Temos a ideia de gravar
um disco do 'RC na Veia' e fazer um grande show em um teatro no
segundo semestre.
Notícia
enviada gentilmente por Fernando Sales.
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