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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Musical sobre Gonzagão é exibido pela 1ª vez na cidade natal do sanfoneiro


Do UOL (Exu-PE)
Edição: Jorge Luiz da Silva.
Salvador, BA (da redação Itinerante)


Cena do espetáculo "Gonzagão, a Lenda", dirigido por João Falcão em Exu (PE).
Foto:    Solange Macedo/Divulgação



A história de Luiz Gonzaga, mestre da sanfona e ícone do arrasta-pé, é recontada em uma trama paralela que perpassa por todo o musical "Gonzagão, a Lenda".
O espetáculo, dirigido por João Falcão, foi apresentado no final de semana, pela primeira vez, em Exu, cidade natal do rei do baião, no interior de Pernambuco.
Uma das exibições trouxe significado especial: na sexta-feira (13), o músico completaria 101 anos se estivesse vivo.


Imagem: jornalanoticia.com/


Com baixo orçamento, o musical está há um ano em cartaz e já foi visto por mais de 75 mil pessoas.
Em Exú, a peça foi recepcionada por 2.000 pessoas que lotaram a praça da pequena cidade incrustada no pé da serra de Araripe, fronteira com o estado do Ceará.
A plateia era ocupada por gente que conheceu pessoalmente o forrozeiro, como José Aires de Alencar. "Conheço ele desde que nasci. Aprendi os primeiros passos de forró com Gonzaga", disse ele, acrescentando que o pai era vizinho do músico.

A poesia na peça de João Falcão, em alguns momentos, se sobrepõe a história real de Gonzaga.
Duas mulheres importantes na vida do sanfoneiro pernambucano foram rebatizadas.
Nazarena, o primeiro amor, virou Rosinha.
E a mãe de Gonzaguinha, Odaléa, ganhou o nome de Morena. "São nomes que aparecem nas músicas do cantor", explicou Falcão. O diretor ainda tomou a liberdade de inventar um encontro inusitado entre duas lendas nordestinas: o rei do baião ainda menino e o rei do cangaço, Lampião. "É a história de Gonzaga, mas não é Wikipedia", disse. "Meu foco foi mais o mito".




Na peça, oito atores e uma atriz dividem o palco para interpretar diferentes fases da história do garoto pobre do sertão.
A trajetória é contada por meio de uma viagem musical pelo cancioneiro de Gonzaga.
Seca, tristeza, amores e alegrias do povo nordestino, já retratadas nas canções, ganham nova roupagem no palco. "O Xote das Meninas", "Cintura Fina", "Xamego", "Assum Preto" e "Asa Branca" estavam entre as mais de 40 canções selecionadas para o musical.

Ensaio em praça pública
O diretor contou que, durante os ensaios na praça pública de Exu, se emocionou ao fazer contato com o que chamou de 'filhotes sanfoneiros do rei do baião'. "A maneira como cantavam as músicas junto com os atores me fez sentir como eles têm Luiz Gonzaga na alma".


Foto: imguol.com


Sem se prender à estrutura básica do forró --sanfona, triângulo e zabumba--, João Falcão usou outros recursos de sonoridade na peça. Quatro instrumentistas assinam os arranjos e reforçam o espetáculo com solos (muitos deles improvisados) de rabeca, viola e violoncelo. Para compor com a sanfona de Rafael Meninão e a percussão de Rick De La Torre, o diretor chamou para o time o rabequeiro e violeiro Beto Lemos e o violoncelista Daniel Silva.

"Gonzagão, a Lenda" foi pensado e produzido por Andreia Alves para o centenário de Luiz Gonzaga em 2012 e pensou "imediatamente" em João Falcão para a direção. "Além de ser pernambucano e músico, ele tem uma afinidade muito grande com o universo de Gonzaga". Segundo ela, 600 atores do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais se inscreveram para a seleção do elenco. Ficaram seis (Adrén Alves, Alfredo Del Penho, Eduardo Rios, Paulo de Melo, Renato Luciano e Ricca Barroso), que atuam ao lado dos atores convidados, Fábio Enriquez e Laila Garin.


Foto: cerradocarioca.files.wordpress.com / 


O elenco tem ainda o sanfoneiro Marcelo Mimoso, que não é ator e nunca havia assistido a uma peça de teatro. Ele foi descoberto tocando sanfona em um bar nos Arcos da Lapa, região boêmia no centro do Rio. "Vieram nos contar que tocava e cantava de um jeito muito parecido com o de Gonzaga, e de fato ele tem uma potência vocal acima da média", disse a produtora. "Fomos atrás dele e descobrimos que completava a renda como taxista". Indiferente à disputa acirrada por uma vaga no musical, Mimoso de início recusou o convite. "Eu não sou ator", disse.

O espetáculo segue em 2014 para mais uma temporada de três semanas no Rio.
Em abril, a companhia teatral inicia uma série de apresentações em praças públicas no Nordeste.

*O repórter viajou a convite da empresa Rede, do grupo Itaú



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