Texto: Thays
Almendra. Fonte: UOL (São Paulo)
Edição:
Jorge Luiz da Silva
Serrinha,
BA (da redação Itinerante)
O cantor sertanejo Gian posa para foto com Zezé di Camargo e Luciano antes do show da dupla no Ginásio de Esportes do São Paulo Futebol Club, na capital paulista Cláudio Augusto/Photo Rio News
Com 23 anos de carreira, Zezé
Di Camargo e Luciano embarcam em mais um CD com uma pegada ainda mais romântica
que o antecessor. "Teorias de Raul" é o nome do novo trabalho da
dupla que faz alusão ao cantor Raul Seixas – morto em 1989. Os sertanejos se
dizem fãs de Raulzito e acreditam que o nome do pioneiro do rock brasileiro
ajuda no marketing do 28º álbum deles.
Sem citar a palavra homenagem –
a qual Zezé abomina -, a dupla diz que as metáforas das músicas "Teorias
de Raul" e "Seca Verde" são o ponto forte na comparação com Raul
Seixas. No entanto, eles garantem que o CD não foi pensado propriamente no
cantor. "Pintou uma canção chamada
'Letal', de César Augusto. Quando eu vi a letra, achei que tinha a ver com o
nome 'Teorias de Raul'. Não era para fazer uma homenagem póstuma. Eu detesto
isso. Gosto de escrever/cantar inspirado em pessoas e não para pessoas",
explicou Zezé.
O irmão de Luciano e filho de
Francisco conta ainda que o nome do álbum está
"chamando a atenção do público". "Sem querer, vai
provocar um marketing porque vai despertar a curiosidade das pessoas. 'Será que
eles vão regravar músicas de Raul Seixas?', vão se perguntar. Sou um conhecedor
profundo da discografia de Raul Seixas e tenho tudo em vinil guardado em
casa", avaliou ele.
Zezé di Camargo e Luciano apresentam a turnê "Sonhos de Amor"
no Citibank Hall, em São Paulo Cláudio Augusto/Foto Rio News
Em "Seca Verde",
Luciano também vê Raul por conta da pegada contestadora na música. Ele conta
que a canção fala sobre o Rio São Francisco e tem um cunho social. "Nesse
chão rachado, nessa terra dura, nessa seca verde, mora um povo nobre, morrendo
de sede, nessa guerra pobre", diz a letra.
"Tenho a ideia de fazer um
vídeo em outubro [mês de eleição para presidência, governo estadual, deputados
federais e estaduais] com a imagem de alguns políticos sobre as promessas da
transposição do Rio São Francisco. O que me frustra é que isso nunca saiu. Essa
música fala da importância do rio e do povo que vive nessa seca. E, na verdade,
esse povo é o cabresto eleitoral – principalmente do sertão nordestino",
lamentou Luciano.
Questionado sobre o porquê
desse tipo de canção não fazer sucesso como na década de 70 e 80 com
"Mosca na Sopa" e "Ouro de Tolo" – ambas de Raul –, Luciano
diz que cantar sobre isso é algo solitário. "Infelizmente, bater nessa tecla
não tem ressonância. Em um país onde se tem a necessidade de cunho social, as
pessoas querem ouvir 'Lepo Lepo'. Onde se predomina internet, a ressonância é
muito pouca", disse ele.
Foto: Cláudio Augusto / Rio News
Romantismo
e Gusttavo Lima
Com uma pegada ainda mais romântica, o CD tem como
carro chefe a canção "Flores Em Vida" – nomeada por Luciano como um
hit atual e um "ritmo parecidos com as músicas de Rihanna". O disco
traz quatro músicas de Zezé: "Amor que alimenta", "Quando fica
sem noção", "Cumplicidade" e "Assim será o nosso
amor", todas em parceria com Danimar. Além disso, há uma versão "I
Can See Clearly Now", de Jimmy Cliff, e participação da banda Roupa Nova
na música "Depende".
O álbum conta ainda com a parceria de Gusttavo Lima,
fruto natural da amizade entre os três, que está estampada em duas faixas:
"Se For Para Judiar", cuja letra é assinada por ele, e "Do Outro
lado da Moeda", que tem de fato sua voz e surge aqui como um bônus - já
gravado originalmente para o CD de Gusttavo.
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