Da France Presse. Fonte: G1.globo.com
Edição: Jorge Luiz da Silva
Salvador, BA (da redação Itinerante)
(Foto: Alfredo Estrella/AFP)
No México, ele
afirmou que serão dois livros e já escreveu 30% do primeiro.
Cantor falou de
aposentadoria: 'Esperança de que não vai acontecer nunca'.
Com a intenção
de evitar mais especulações sobre sua vida, o cantor Roberto Carlos revelou na
quinta-feira (14), no México, que está escrevendo sua autobiografia. Devem ser
publicados, pelo menos, dois livros.
"Em breve
vou lançar este disco, esta biografia", disse o Rei sobre a história de
sua vida, que revelará aos fãs suas recordações desde os quatro anos.
"Quero
revelar tudo, falar tudo, mas coisas boas principalmente. Quero contar como
aconteceu, como está acontecendo, como quero que continue acontecendo",
disse Roberto Carlos na entrevista coletiva convocada pela Sony Music para
celebrar os 12 milhões de discos vendidos no México ao longo da carreira do
Rei.
Sobre a data do
lançamento do livro, Roberto Carlos revelou que será "quando estiver
pronto", mas adiantou que já escreveu 30% do "primeiro volume".
"Quero
dizer que não vai caber tudo em apenas um livro, acredito que serão dois
volumes", completou.
Aposentadoria
Durante a
entrevista no México, Roberto Carlos também comentou a possibilidade
aposentadoria. "Sei que há um momento em que você chega e diz: 'É o
momento de parar'. Mas não pensei nisto. Eu tenho a esperança que isto não vai
acontecer nunca, e me vejo sempre cantando", declarou o cantor.
De acordo com
ele, a estratégia para se manter na ativa por tanto tempo é querer "sempre
fazer uma canção de amor melhor que anterior". Por outro lado, revelou
preocupação com a saúde. "Me cuido, não posso negar, faço exercícios e sou
adepto da medicina ultramolecular', lembrou.
No México, ele
lança o disco "Este tipo soy yo". "Eu faço canções de amor, acho
que o amor é eterno e está sempre presente ao longo do tempo", afirmou.
Capa de 'O réu e
o rei' e o autor da obra, Paulo Cesar de Araújo (Foto: Divulgação e Bel
Pedrosa/Divulgação)'O réu e o rei' e o autor da obra, Paulo Cesar de
Araújo (Foto:
Divulgação e Bel Pedrosa/Divulgação)
'O réu e o rei'
Em 2007, uma
biografia não autorizada chamada "Roberto Carlos em detalhes"
(Planeta), do escritor brasileiro Paulo César de Araújo, foi tirada de
circulação após disputa judicial. Em maio deste ano, o autor lançou uma nova
obra, "O réu e o rei: Minha história com Roberto Carlos, em detalhes"
(Companhia das Letras), que fala sobre a proibição do trabalho anterior.
"O réu e o
rei" saiu duas semanas depois de a Câmara dos Deputados ter aprovado o
projeto de lei que libera a venda de biografias não autorizadas pelos
biografados ou por suas famílias, em caso de morte. O texto ainda precisa
passar pelo Senado antes de ir à sanção presidencial.
O Supremo
Tribunal Federal também deve analisar a ação que pede a liberação da
publicação. O caso será decidido pelo Supremo durante o julgamento de ação
proposta pela Associação Nacional dos Editores de Livros (Anel).
No processo, a
associação afirma que a atual restrição imposta aos editores é incompatível com
a liberdade de expressão e de informação. Os autores da ação pedem que o
Supremo declare que não é necessário o consentimento do biografado para que o
livro seja publicado.
O texto de
apresentação de "O réu e o rei" descreve o conteúdo citando a
controvérsia de "Roberto Carlos em detalhes". "Objeto de verdadeira
polêmica pública, a batalha em torno da proibição de 'Roberto Carlos em
detalhes' é o cerne de ‘O réu e o rei’", informa o material promocional.
No mesmo dia em
que "O réu e o rei" chegou às livrarias, o editor da Companhia das
Letras, Luiz Schwarcz, fez no blog da editora um post a favor da liberdade da
publicação de biografias não autorizadas.
"Serve como
testemunho das dificuldades para escrever biografias independentes no Brasil.
Com ele ['O réu e o rei'] a Companhia das Letras procura contribuir ativamente
para a consolidação do direito do cidadão brasileiro ao conhecimento de fatos
relevantes da vida das suas figuras públicas."
Procure saber
A liberdade de
publicação de biografias ganhou mais destaque a partir do início de 2013,
quando o grupo Procure Saber – então integrado por Caetano Veloso, Chico
Buarque, Gilberto Gil, Roberto Carlos, Djavan, entre outros artistas, e
presidido pela ex-mulher de Caetano Paula Lavigne – passou a defender a
proibição de obras não autorizadas.
Os artistas diziam
defender o direito à privacidade e destacavam as dificuldades em conseguir
reparar, através de ações judiciais, os danos posteriores à publicação.
Os biógrafos,
contudo, avaliam que a necessidade de autorização é censura prévia e fere a
liberdade de expressão. Dizem que a necessidade de autorização defendida pelos
artistas impediria a publicação de obras sobre personagens históricos, citando
como exemplo a impossibilidade de se escrever sem interferências um texto sobre
generais da ditadura ou sobre políticos.
O Código Civil
brasileiro, em vigor desde 2003, diz que "a divulgação de escritos, a
transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem
de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da
indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a
respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais".
Foi justamente
essa regra permitiu que Roberto Carlos banisse, em abril de 2007, a biografia
escrita por Paulo César de Araújo. "Roberto Carlos em detalhes" havia
sido publicado pela Planeta em dezembro de 2006. A obra teve a produção e
comercialização interrompidas após acordo judicial entre a editora e o cantor.
O Artigo 5º da
Constituição Federal, entretanto, diz que "é livre a expressão da
atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença" e atesta que "são
invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação".
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