Fonte e fotos: Música-Terra.com.br
Edição: Jorge Luiz da Silva
Serrinha, BA (da redação Itinerante)
Foto: TV Globo / Divulgação |
Das raízes
ativistas até a ultra-liberdade no Brasil, fomos buscar a história do estilo
que criou as discotecas e, agora, é retratado pela nova novela das 18h
Música disco,
disco music, discoteca... são muitos os nomes que batizam esse estilo musical,
tão famoso nas danceterias de todos os cantos do mundo durante os anos 1970. A
psicodelia, a influência latina e os famosos falsetes marcam a “Era Disco”, que
agora, em 2014, começa a ser retratada em Boogie Oogie, nova novela das 18h da
TV Globo.
Mas a história
desse ritmo de música vai muito além dos globos de discoteca e luzes coloridas.
Não dá para definir exatamente quando surgiu a música disco, já que ela se
caracteriza muito mais como um novo capítulo da música negra do que como um
estilo independente. Porém, é possível encontrar um ano divisor de águas nessa
história: 1973. Nessa época, começam a explodir nas rádios gravações de Betty
Wright, Harry Wayne "K.C." Casey e KC and the Sunshine Band. Antes,
porém, muitos artistas de soul music já produziam canções que se aproximavam do
que viria adiante. Entre eles, Stevie Wonder e Manu Dibango. Mas,
especialmente, Isaac Hayes, com uma das trilhas mais famosas do cinema, a de
Shaft, em 1971.
John Travolta
marcou época em 'Os Embalos de Sábado à Noite'
Foto: TV Globo
/ Divulgação
Dali em diante,
muita coisa aconteceu e nomes pipocavam quase que mensalmente durante toda a
década de 70, com destaque para a primeira diva da música disco, Donna Summer,
embalada pelo sucesso de I Feel Love. Bee Gees, ABBA, Chic e The Jacksons, que
seria conhecido no mundo todo pelo talento de seu integrante mais jovem,
Michael Jackson, são outros nomes pesados dessa fatia da cultura negra. Queen,
The Rolling Stones, Elton John e até Pink Floyd são alguns artistas que
embarcaram nessa onda durante seu pico. Nos cinemas, nada representou e marcou
mais essa época da cultura popular do que o filme Os Embalos de Sábado à Noite,
que revelou John Travolta para o mundo.
As origens
enraizadas no ativismo de minorias
Nova York e
Filadélfia foram as grandes capitais do começo da música disco, que se
espalhou, especialmente, pelas boates frequentadas por negros, latinos e
homossexuais. As principais bandeiras iniciais do estilo se uniam aos protestos
em favor aos direitos das minorias que davam suporte ao ritmo na época, além de
iniciar uma campanha contra o domínio de artistas brancos no rock e a
depreciação da música dance.
A criação das
discotecas e o espírito de liberdade, tanto sexual quanto comportamental, que a
música disco dava aos seus consumidores, fez com que o estilo ganhasse imenso
espaço na cultura de massa na época e o sucesso se prolongou durante toda a
década de 70, especialmente nas regiões com maior população negra dos Estados
Unidos.
Donna Summer
foi a principal diva da "Era Disco"
Foto: TV Globo
/ Divulgação
A volta do rock
e o começo da decadência
O início dos
anos 1980 não foi bom para a música disco. Pelo contrário. Com os Estados
Unidos sendo dominados pela ala Republicana, conhecida por ser mais
conservadora e representada na figura de presidentes como Ronald Reagan, Gerald
Ford, que começara seu mandato na década anterior, e George H. W. Bush, ganham
força as manifestações contrárias ao estilo e as discotecas começam a se
desfazer diante do preconceito de movimentos contrários ao domínio de negros,
latinos e homossexuais. Assim, a música disco é obrigada e deixar suas raízes e
migrar para outros lugares do mundo, especialmente na Europa, onde segue
fazendo sucesso e evoluindo, cada vez mais eletrônica e moderna.
Mas o ritmo
dançante do estilo deixou heranças e se viu representado até em seu maior
rival, o rock, que voltou a ganhar força na década de 80, só que, agora, muito
mais eletrônico, abusando de sintetizadores, batidas eletrônicas e roupas
extravagantes.
A música disco
no Brasil
Gilberto Gil e
Stevie Wonder, em 1985. Gil esteve entre os artistas que embarcaram e
fortaleceram a mania da música disco no Brasil
Foto: TV Globo
/ Divulgação
No país do
samba, a música disco teve seu espaço mais especial localizado no Shopping da
Gávea, Rio de Janeiro, com a boate Frenetic Dancing Days, do produtor e
jornalista Nelson Motta, criada em 1976. O espaço se tornou o mais famoso point
da noite carioca, sendo frequentado por pessoas de todas as regiões do Rio.
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Nelson Motta
fala sobre o nightclub em seu livro Noites Tropicais (2001). Nele, Motta define
o local como "ultra-liberal, assim como seu dono". Além de ditar o
ritmo com o qual a música disco se espalhava pelo Brasil, a boate também revelou
o grupo feminino As Frenéticas, formado por Leiloca Neves, Sandra Pêra, Regina
Chaves e Dhu Moraes, que embalava o público durante todas as noites com o hit
Dancin Days, que virou trilha de abertura da novela homônima, exibida no
horário nobre pela Globo em 1978, com grande recepção do público.
Outros nomes
que se destacaram no Brasil de 70 fazendo disco music foram Tim Maia, Banda
Black Rio, Rita Lee, Gilberto Gil e Gretchen, que é considerada a grande musa
do estilo por aqui.
Obras essenciais
Alguns álbuns
são fundamentais para se entender e conhecer mais profundamente a evolução da
música disco no mundo. Entre
eles, Lady of the Night (1974) e Love to Love You, Baby (1975), de Donna
Summer, Dancing Machine (1974) e Moving Violation (1975), os dois últimos do
Jackson 5 com a Motown, Off The Wall (1979), de Michael Jackson, ABBA (1974) e
Arrival (1976), do ABBA e Dance Dance Dance (Yowsah Yowsah Yowsah) (1977), da
Chic.
No Brasil, Tim
Maia Disco Club (1978), de Tim Maia com a Banda Black Rio, Realce (1979), de
Gilberto Gil, o disco compacto Dance With Me (1978), de Gretchen, e Frenéticas
(1977) e Caia na Gandaia (1978), das Frenéticas, são indispensáveis para quem
busca entender como a música disco embalou o País no final da década 70.
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