Texto:
Ricardo Senra
Fonte:
G1.Globo.com (Da
BBC Brasil em Londres)
Edição:
Jorge Luiz da Silva
Salvador,
BA
(da redação Itinerante)
Funkeira-mirim
MC Melody ganhou o centro de nova polêmica sobre sexualização de
crianças no funk (Foto: Reprodução/YouTube)
Exposição
de funkeira de 8 anos é um dos alvos da investigação, que suspeita
de 'violação ao direito ao respeito e à dignidade de crianças'.
O
Ministério Público de São Paulo abriu nesta quinta-feira um
inquérito para investigação sobre "forte conteúdo erótico e
de apelos sexuais" em músicas e coreografias de crianças e
adolescentes músicos.
A
cantora de funk conhecida como MC Melody, de oito anos, é um dos
alvos da investigação, que suspeita de "violação ao direito
ao respeito e à dignidade de crianças/adolescentes". O caso
está sendo investigado pela Promotoria de Justiça de Defesa dos
Interesses Difusos e Coletivos da Infância e da Juventude da
Capital.
Segundo
uma das representações publicadas no inquérito, Mc Melody "canta
músicas obscenas, com alto teor sexual e faz poses extremamente
sensuais, bem como trabalha como vocalista musical em carreira solo,
dirigida por seu genitor".
Além
dela, músicas e videoclipes de outros funkeiros-mirins como MCs
Princesa e Plebéia, MC 2K, Mc Bin Laden, Mc Brinquedo e Mc Pikachu
também são alvo da investigação do Ministério Público paulista.
A
promotoria chama atenção para o "impacto nocivo no
desenvolvimento do público infantil e de adolescentes, tanto de quem
se exibe quanto daqueles que o acessam".
Petição
O
inquérito, aberto pelo promotor Eduardo Dias de Souza Ferreira, é
resultado de denúncias e representações encaminhadas pela
Ouvidoria do Ministério Público e por cidadãos que pedem avaliação
legal sobre a exposição dos funkeiros mirins.
Ministério
Público abre inquérito sobre 'sexualização' de MC Melody (Foto:
Ministério Público de SP)
O
caso da MC Melody, que chegou a ser o assunto mais procurado por
brasileiros no Google nesta quinta-feira (com mais de 50 mil buscas),
gerou uma petição no site Avaaz que pede "intervenção e
investigação de tutela" ao Conselho Tutelar de São Paulo.
O
abaixo assinado alcançou mais de 23 mil assinaturas em quatro dias.
A menina já chegou a ter seu perfil retirado do Facebook após
denúncias de internautas sobre "sexualização" - ela
aparece em fotos com roupas curtas e decotadas, dançando em bailes
funks e em vídeos caseiros.
No
YouTube, dezenas de publicações feitas por anônimos criticam a
exposição da menina - cujos vídeos acumulam centenas de milhares
de visualizações no portal.
O
pai de MC Melody - o também funkeiro MC Betinho - também é citado
pelo inquérito do Ministério Público, que afirma ser "dever
da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público
assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária”,
conforme dispõe o artigo 4º do Estatuto da Criança e do
Adolescente".
A
reportagem tentou contato com MC Betinho por telefone, mas não
obteve sucesso. Em entrevistas anteriores, o pai de MC Melody se
defende argumentando que existiria uma “perseguição ao funk” e
que “não obriga sua filha a fazer nada”.
"Ela
canta e dança assim porque gosta", disse MC Betinho.
"Entendemos quem não gostou ou ficou ofendido e estamos mudando
a nossa postura por isso."
.
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