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segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Sozinho no palco, Dussek fica imenso e o palco, pequeno


Texto: Eduardo Guimarães. Fonte: Território da Música.
Foto: Edu Guimarães / TDMusica
Edição: Jorge Luiz da Silva
Serrinha, BA (da redação Itinerante)





O palco de um grande teatro pode parecer difícil para apenas um artista ocupá-lo. Ainda mais se o show for visualmente intimista, com apenas um piano ao centro do tablado. Mas o espaço que pode parecer imenso como o universo é totalmente ocupado pelo carisma, talento e experiência de quase quatro décadas de Eduardo Dussek.

Na noite da última sexta-feira, 03, o músico esteve no Teatro Paulo Machado de Carvalho, em São Caetano do Sul/SP, e simplesmente dominou o palco e o público com um show que é mais do que apenas uma apresentação musical. Aliás, pode-se dizer que seja uma apresentação cômica teatral, mais do que um show de música.


Boa parte do espetáculo é ocupada com os textos extremamente engraçados de Dussek, sempre interagindo com a plateia, como se fosse uma conversa entre amigos. É verdade que para quem conhece o DVD “Dussek é Show”, que o artista vem divulgando desde 2011, a maioria das piadas e dos diálogos não traz nada de novo, além de algumas adaptações. Mas é a interpretação que dá o tom de novidade e faz a piada ainda soar engraçada. Como o próprio Dussek disse no palco, tudo ali é roteiro. “Adoro improviso, desde que seja bem ensaiado”.

Entre um ‘causo’ e outro, o músico também fez algumas críticas ao cenário político nacional, o que parece ter sido bem aceito pela plateia sulsancaetanense. Plateia, aliás, “chique”, segundo percebeu o artista, olhando do palco.


O show é basicamente dividido em três partes: a primeira e a terceira parte trazem canções em que o lado humorístico e até irônico são mais fortes, como “Alô, Alô, Brasil”, “Cantando no Banheiro” e “Rock da Cachorra”, que pode ser lida como uma crítica social bem contundente e que continua atual, mesmo depois de 32 anos desde seu lançamento original. Outras músicas dessa parte mais cômica do show foram “Nostradamus” e “Pilosofia Vurtuguesa”.

Dussek também fez uma homenagem à mulher paulista tocando “Caso Sério” e um trechinho de “Mania de Você”, ambas canções de Rita Lee.

Mas a parte do meio do show é onde é possível apreciar o lado mais - digamos - sofisticado de Dussek. Nos temas mais românticos o músico mostra seu domínio do piano e a beleza de interpretações de canções como “Carinhoso” - a nossa “New York, New York”, segundo o próprio -, “Cabelos Negros” e “Eu Velejava em Você”. Um dos momentos mais bonitos do show foi a interpretação de “Adeus Batucada”, música composta por Synval Silva e gravada por Carmen Miranda em 1935.


Como acontece em suas apresentações, Dussek escolheu uma senhora da primeira fila com quem conversou durante o show. A senhora, Dona Iolanda, como soubemos mais tarde, praticamente fez parte ativa do evento. Próximo ao final, Dussek até desceu do palco para cumprimentar a tirar fotos com ela.

Outro momento de destaque do show foi ao apresentar dois de seus maiores sucessos, “Aventuras” e “Doméstica”, esse última incluída no repertório à pedido do público e que teve até um pequeno erro de Dussek.

O show terminou com um medley de “Folia no Matagal”, “Barrados no Baile” e, novamente, “Alô, Alô, Brasil”. Mas antes de deixar o palco, o próprio Dussek foi surpreendido pelo anuncio do produtor Victor Sbracci de que ele receberia um prêmio naquela noite. O Maestro Eduardo Roz subiu ao palco e entregou ao músico um diploma de Honra ao Mérito pelo trabalho musical realizado ao longo da carreira.

“Nunca recebi um prêmio. Acho que só recebi um no Chacrinha”, disse Dussek, sempre bem-humorado, durante o agradecimento.





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