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sábado, 1 de março de 2014

Rejeitados, ainda bem!


Por: Rafael Sartori
Montagem / TDMusica (Dimebag Darrell, Slash e Elvis Presley).
Edição: Jorge Luiz da Silva
Interlagos, BA (da redação Itinerante)



Portas fechadas no início foram fundamentais para a trajetória vitoriosa de algumas bandas e músicos.

Todos gostam de histórias de superação. De gente que foi rejeitada, mas não desistiu de seus sonhos e acabou, de um jeito ou de outro, dando a tão famosa “volta por cima”.
A perseverança, a confiança e a fé realmente são recompensadoras quando as coisas acabam bem e se tem a sensação de que a justiça foi feita.

O exemplo mais recente disso no mundo dos negócios é Jan Koum, o ucraniano fundador do aplicativo Whatsapp. Ele foi rejeitado pelo Facebook alguns anos atrás ao se candidatar a uma vaga de emprego, mas isso não o desanimou. Pelo contrário. Decidiu criar sua própria empresa para desenvolver o aplicativo, que se tornou um enorme sucesso e, recentemente, foi comprado pelo mesmo Facebook por nada menos que US$ 19 bilhões - entre dinheiro vivo e ações. Já seu sócio, Brian Acton, também já havia sido reprovado em processos seletivos não só do Facebook, mas também do Twitter.

Mark Zuckerberg deve ter se arrependido amargamente de não ter contratado a dupla quando pode, economizando assim alguns de seus bilhões. Isso me lembrou a clássica história de Dick Rowe que, no caso, deixou de ganhar os seus. Ele era o mandachuva da Decca Tapes no início dos anos 1960 e se recusou a assinar com uma nova banda de Liverpool chamada... The Beatles. Segundo ele, grupos de rock que usavam guitarras eram apenas uma moda passageira. George, Paul, Ringo e John tomaram ainda muitos outros “nãos” até conseguirem, finalmente, estrear pela Parlophone, em 1963.

Já Elvis Presley, quando tentou a sorte em um famoso programa de rádio de Nashville, foi aconselhado a se dedicar apenas ao seu outro emprego, o de dirigir caminhão. Einstein, Tolstoi, Beethoven, Thomas Edison, Walt Disney são outros gênios que, quando jovens, eram considerados inaptos, incompetentes ou simplesmente burros demais, e foram desencorajados por seus pais e professores. Mas isso só deu mais combustível para que se aperfeiçoassem e trabalhassem ainda mais duro.

Todos acreditavam em si mesmos e não se deixaram abater com as adversidades. Foram em frente e venceram. Assim como Koum, existem músicos que, olhando para trás, podem dar graças a Deus por terem sido rejeitados quando estavam começando. O guitarrista Slash, por exemplo, foi oficialmente testado para entrar no Poison no começo dos anos 1980. C.C. DeVille acabou sendo o escolhido não porque ele tocou melhor, mas porque tinha, principalmente, o visual certo - o que para a banda significava cabelos loiros, maquiagem carregada e uma jaqueta de couro branca.

Alguns anos depois, já totalmente comprometido com o Guns n’ Roses, foi ele quem preferiu não levar a sério a proposta de Dave Mustaine para entrar no Megadeth. Os dois se tornaram grandes amigos e faziam jams com frequência no fim da década de 1980 (por mais estranho que isso pareça), quando a banda estava procurando um substituto para Chris Poland. Vale lembrar, inclusive, que o próprio Megadeth surgiu apenas depois da expulsão de Mustaine do Metallica.

Quem quase aceitou o cargo foi Dimebag Darrell, mas ele exigiu que seu irmão Vinnie Paul fosse com ele, o que inviabilizou o negócio. Mustaine já havia contratado Nick Menza na bateria e, no final, Marty Friedman ficou com a vaga de guitarrista. Dimabag e Vinnie, então, colocaram todas as suas forças no Pantera e fizeram dela uma das maiores bandas do metal.

Slash seguiu com o Guns n’ Roses, lançando os dois volumes, extremamente bem-sucedidos, de “Use Your Illusion”. Alguns anos após dessa turnê, foi a vez de sua banda “experimentar” Zakk Wylde, antes de ela desmoronar. Segundo o baixista Duff McKagan, ele e Slash chegaram a compor algumas faixas e a gravar uma demo com o guitarrista, mas as coisas ficaram por isso mesmo. Zakk Wylde, por sua vez, já era conhecido por ter substituído Jake E. Lee na banda de Ozzy - e Jake, vale dizer, só foi atrás do ‘madman’ após ter sido demitido por Dio.

Poderíamos passar horas fazendo essas conexões e todos esses encontros e mudanças podem ser creditadas a fatores como sorte, acaso, intuição e até necessidade. Mas já imaginou o que teria sido de todas essas bandas, de todos esses músicos, e de todos os discos clássicos feitos por esse pessoal se todas essas idas e vindas tivessem se concretizado?




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