Por: Rodrigo Ortega do G1, em
Santiago - o jornalista viajou a convite da Time For Fun
Edição: Jorge Luiz
da Silva
Serrinha, BA (da
redação Itinerante)
Red Hot Chili Peppers (Foto: Divulgação Lollapalooza Chile)
Evento começou neste sábado;
estimativa de público é da organização.
Edição brasileira, no início de
abril, troca banda dos EUA por Muse.
A edição chilena do
Lollapallooza começou neste sábado (29), com público estimado pela organização
em 80 mil pessoas. O Red Hot Chili Peppers fez o show principal no Parque
O’Higgins, no centro de Santiago. Após uma hora e quarenta minutos, o Red Hot
se despediu às 23h30 com o hit “Give it away”. Foi o último show do festival,
que teve início ao meio-dia.
O evento em Santiago antecipa a
edição brasileira, nos dias 5 e 6 de abril, no Autódromo de Interlagos, em São
Paulo. A programação será quase igual à chilena. A atração principal do
primeiro dia, no entanto, será diferente em SP. Em vez dos Red Hot Chili
Peppers, o Lolla no Brasil terá o Muse.
Sábado no Chile
Phoenix e Nine Inch Nails
fizeram os shows anteriores ao Red Hot nos palcos maiores, com boas
performances e poucas surpresas. As novidades vieram mais cedo, com a festa
indie-dançante lotada do Capital Cities, as acrobacias de barriga de fora de
Ellie Goulding e a crueza com voz e violão de Jake Bugg. Nesses vale ficar de
olho durante o Lolla no Brasil. Quanto ao Red Hot Chili Peppers, os chilenos
não viram nada que o público brasileiro não conheça. A banda de Anthony Kiedis
tocou no Brasil no final de 2013. Eles não lançam um álbum novo desde “I’m with
you” (2011).
O show em Santiago foi
previsível e animado. A falta de surpresas no repertório e a performance
burocrática de Kiedis não apagam a força dos hits. Eles vão da entrada com
“Can’t stop” ao bis com “Give it away”.
Como tem sido de praxe nos shows
do Red Hot, o baixista Flea assume o posto de homem de frente, com mais
desenvoltura e energia que o vocalista. O show intercalado por improvisos
instrumentais destaca antes do bis o percussionista brasileiro Mauro Refosco,
que toca até cuíca, antes de Flea entrar plantando bananeira. O Nine Inch Nails
faz um espetáculo impressionante, mas sem a comoção do público que se espera de
uma atração principal, status que também vai ter no Brasil. O aparente desejo
de fazer o som mais pesado e sujo possível às vezes impressiona ("Terrible
lie"), e em outras só cria uma massa sonora com instrumentos
indistinguíveis (“Me, I’m not”). Talvez esta falha fique por conta do sistema
de som do festival, que também oscilou no show do Red Hot.
O público parece embasbacado
pela parede de luz atrás do palco e pela pose imponente do líder Trent Reznor,
mas não vibra muito com o show. “March of the pigs” e o final, com “Hurt”, são
os melhores momentos.
A banda francesa Phoenix fez
show agitado no início da noite. Eles queimaram dois de seus maiores trunfos,
as músicas “Lasso” e “Lizstomania”, logo no comecinho da apresentação. Mas o
resto do show manteve o público atento.
A quem está na dúvida sobre
assistir ao show no Brasil, que será ao mesmo tempo da neozelandesa Lorde, vale
avisar: o Phoenix não tem uma performance mais inspirada do que a já vista no
Brasil em 2010.
No final, o vocalista repetiu o
costume de descer do palco e se jogar no meio do público. A única diferença foi
que as fãs tiraram a calça de Thomas Mars no Chile – mas ele logo voltou a
roupa para o lugar.
A cantora inglesa Ellie Goulding
cantou de barriga de fora, sob sol ainda forte no fim da tarde no Parque
O’Higgins. A performance aeróbica condiz com o abdômen sarado e os braços
fortes. Ellie se movimenta muito e ganha os chilenos, principalmente em “Starry
eyed”. Nessa, ela também toca um tambor colocado no meio do palco.
A voz rouca e sem potência ganha
ajuda de três cantores de apoio ao vivo. Eles levam algo de soul ao pop
eletrônico. O tambor volta a ser tocado em uma breve versão de "Bad
girls", de M.I.A. O auge vem mais para o final, com “I need your love”, em
arranjo menos frenético que o da gravação da parceria com Calvin Harris.
Palcos alternativos
A primeira atração a fazer show
concorrido no sábado foi o Capital Cities, no pequeno Palco PlayStation. Os
californianos ousam entrar sem guitarra no festival de tradição roqueira. O duo
investe em teclado e sintetizador, e ao vivo vira quinteto, com reforço de
trompete, baixo e bateria.
Eles ensinam dancinhas, fazem
cover de “Stayin' alive”, dos Bee Gees, misturada a “The sweater song”, do
Weezer, e despejam suas melodias grudentas, afinadas com a experiência anterior
de produção de jingles. Com tantas
batidas festivas, o convite para os fãs “bailar”, em bom espanhol, foi
redundante.
O show de Jake Bugg foi o
extremo oposto do Capital Cities, no mesmo palco. Bem menos populista e mais
blasé que o duo dos EUA, o jovem inglês fez o mínimo além de cantar e tocar.
Sem conversa, sem dança e sem gracinhas, ele levou apenas um baixista e um
baterista para acompanhá-lo. Ao vivo, solta mais a voz, que fica parecida com a
de Liam Gallagher - quando o ex-Oasis ainda tinha fôlego para os hinos
anasalados.
Com o silêncio do inglês nos
intervalos, só se ouvia as vozes femininas derretidas por Bugg na frente do
palco. Tirando um ou outro momento mais solto, como em “Slumville Sunrise” e
“Messed up kids”, é um show para ouvir quieto, notando nos arranjos crus de
“Treasure” ou “Two fingers”. A mais aplaudida, de longe, é “Broken”, só em voz
e violão. É uma das que destacam apenas a voz do cantor, sem firulas.
Brasileiros no Chile
A Nação Zumbi fez o primeiro
show da história da banda no Chile neste sábado. O show foi em local fechado,
longe dos palcos principais. A boa apresentação foi vista por cerca de mil
pessoas, fração pequena dos 80 mil fãs do festival. A banda subiu ao palco
antes do horário marcado, 16h15, o que fez com que o público fosse ainda menor
no início.
Se a arena pequena e fechada não
foi propícia para apresentar o grupo a “desavisados”, que costumam conhecer
novas bandas em festivais, o ambiente foi ideal para o clima soturno e o som
pesado dos brasileiros.
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