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quinta-feira, 4 de maio de 2017

Quem é a compositora filha de brasileira que ajudou a criar o fenômeno ‘Despacito’?


Texto: Carol Prado
Fonte: G1.Globo.com
Foto: Reprodução
Edição e arte: Jorge Luiz da Silva
Serrinha, BA (da redação Itinerante)


A compositora panamenha Erika Ender
(Foto: Reprodução/Facebook/Erika Ender)


Erika Ender, que se refere ao país como sua segunda terra e já trabalhou com Leonardo, deu tom 'suave, suavecito' ao hit. Ela queria uma letra provocante, mas 'com classe'.


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Se reparar direitinho, “Despacito” - a música mais falada (e ouvida) das últimas semanas - bem que poderia ser made in Brasil: tem a letra sensual, a melodia irresistível e a coreografia insinuante que o país sabe fazer bem. Não é. Mas, lá no fundo, há sim algo de verde e amarelo na composição.

Por trás do sucesso de Luis Fonsi, há o nome da panamenha Erika Ender, que costuma se referir ao Brasil como sua “segunda terra”. Filha de mãe brasileira e considerada uma das mais importantes compositoras de seu país, ela assina a criação ao lado do cantor portorriquenho.

“Nessa época em que vivemos tão apressados,
quem não reconhece a importância de desfrutar as coisas? Aproveite a vida como diz a música: 'pasito a pasito, suave, suavecito’.”

Na declaração acima, em uma entrevista à agência Efe, a artista filosofa sobre a letra da música, que ensina como conquistar uma garota “lentamente” (é isso que significa, afinal, o tal “despacito”).

No programa “Despierta América”, da TV americana, Fonsi contou que tinha em mente alguns versos e a melodia da música há dois anos. Ele se juntou à amiga em seu apartamento em Miami (o encontro foi registrado em vídeo, assista) e os dois, então, chegaram ao resultado final: um reggaeton pop com pegada urbana e trechos de hip hop.

O convite ao também portorriquenho Daddy Yankee veio mais tarde, porque Fonsi e Erika acharam que faltava à canção “um momento explosivo”. Mas a explosão aconteceu mesmo quando Justin Bieber decidiu surfar na onda do sucesso latino, em sua estreia cantando em espanhol. O remix com Fonsi, Yankee e Bieber foi decisivo para que o hit acumulasse números surpreendentes:

Mais de 1,6 milhão de cópias vendidas entre fevereiro e abril deste ano

Primeiro lugar mundial entre as mais tocadas no Spotify (marca inédita para uma música em espanhol)

Em 24 horas, mais de 20 milhões de vizualizações na publicação do remix com participação de Justin Bieber no YouTube

Quase 1,2 bilhão de visualizações no clipe oficial no YouTube

15 semanas (e contando) na lista das 100 músicas mais ouvidas da "Billboard"

"Eu sou do tipo que pensa que os limites só existem na mente e, durante toda a minha vida, quis trabalhar com artistas diferentes, independentemente de quaisquer fronteiras musicais, mas Justin Bieber foi uma surpresa, como foi também 'Despacito'", disse Erika à Efe.


Erika e Luis Fonsi, intérprete e também compositor de 'Despacito'
(Foto: Reprodução/Facebook/Erika Ender)


Sexy sem ser vulgar
No processo de criação da música, a compositora trabalhou principalmente na elaboração da letra, segundo contou à revista "Billboard". Foi ela quem deu o tom "suave, suavecito" à canção, que é sexy sem ser vulgar. Era o que Erika queria: versos provocantes, mas "com classe". Ou, como diz a letra, "malícia com delicadeza".

"Eu disse [a Fonsi]: 'Se vamos fazer algo com um apelo sexy, acho que precisamos ser responsáveis com uma boa letra'. Em seguida, a versão pop nasceu."

O próprio cantor buscou esse equilíbrio, ao se juntar à artista. Em uma entrevista à rede de TV americana Telemundo, ele explicou que prefere escrever com autoras, para balancear o teor das canções. "Me parece que a música fica mais redonda, tendo o ponto de vista do homem e da mulher. Especialmente porque 99% das minhas canções falam da mulher.”

Não é a primeira criação conjunta da dupla. Erika e Fonsi também são responsáveis por "Tentación", uma espécie de pop rock romântico lançado em 2014. Perto de "Despacito", porém, a música passou batida: foi lançada apenas na versão deluxe do álbum "8" do cantor e sequer ganhou um clipe.
Erika durante trabalho em estúdio nos EUA
(Foto: Reprodução/Facebook/Erika Ender)


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Sertanejo no currículo

Em 25 anos de carreira, Erika ajudou a criar desde baladas como "Cinco minutos", umas das músicas mais famosas da mexicana Gloria Trevi, e "Candela", do portorriquenho Chayanne, a hits da salsa, entre eles "Me corta el alma", de Víctor Manuelle, também de Porto Rico. Arriscou-se ainda no sertanejo brasileiro, quando trabalhou com Leonardo em "Quero acender teu fogo".

A trajetória musical lhe rendeu prêmios no Grammy Latino e no Latin Billboard e uma posição na lista das 50 mulheres mais poderosas da América Central, segundo a revista "Forbes". Mas seu currículo vai além das composições: a artista também é uma personalidade da televisão hispânica, com participações em séries e reality shows.

Nada disso, porém, levou Erika tão longe quanto "Despacito". A música rodou o planeta e mudou a vida da compositora, que quer aproveitar o momento para ampliar as oportunidades além da América Latina. "Tenho tido contato com artistas que nunca trabalhei antes", contou à Efe. Em suas redes sociais, tomadas por postagens sobre o êxito do hit, ela faz questão de dizer que mais gente também lucrou com o fenômeno:

"É uma grande conquista, não só para aqueles que estão envolvidos na canção, mas para a música latina no mundo."









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