Por: Biaggio
Baccarin. Fonte: warnermusic.com.br
Edição:
Jorge Luiz da Silva. Fotos: Google.com.br
NASCIMENTO
DA CHANTECLER:
Desde a década de 40, a empresa Cássio Muniz S.A. foi uma grande
loja de varejo e atacado, fundada por Cássio Muniz, em 1915. Com a vinda da RCA
VICTOR para o Brasil, em 1930, esta, depois de instalada e não tendo condições
de fazer uma ampla distribuição de seus produtos em todo o País, procurou o
velho Cássio Muniz para distribuir seus discos, rádios, vitrolas, peças
eletrônicas e posteriormente televisores.
O casamento durou muito tempo, mas a
corrupção na fábrica da RCA, em São Paulo, acabou fechando a fábrica de
televisores.
A fábrica ficou com os discos e Cássio Muniz continuou com
distribuição.
Com o advento do long-play, no final da década de 40, nasceu uma
nova era para a produção fonográfica. Como se sabe, o long-play, com rotação de
33 1/3, foi criado pela Columbia. A RCA, não querendo ficar para trás, criou o
extend-play de 45 RPM, um disco de sete polegadas com grande orifício no
centro. Apesar da qualidade de som ser superior ao do LP, no Brasil não pegou
porque, para tocá-los, precisava-se de um toca disco especial. Estes
toca-discos podiam reproduzir até 10 discos. Acontece que, ao começar a rodar o
segundo disco, ele começava a patinar. Até resolver esse problema técnico, o
brasileiro se aborreceu e não quis saber desse formato discográfico. Para
substituir esse formato foi criado o compact disc de sete polegadas, rotação de
33 1/3, com uma ou duas músicas em cada face, assim como o extend-play. Mas
também não durou muito tempo.
Depois de um
pouco de história fonográfica, vamos chegando ao aparecimento da gravadora
CHANTECLER.
Por volta de
1956, a RCA resolveu distribuir seus próprios produtos. Depois de várias
negociações com Cássio Muniz, aconselhou esta a lançar sua própria gravadora
tendo em vista que já havia uma máquina montada e reunia todas as condições
para ser vitoriosa. Buscou-se em uma grande agência de publicidade para
pesquisar e encontrar um nome para a nova gravadora. O nome escolhido foi
CHANTECLER. No começo houve alguns problemas com a Pathé francesa por causa do
galo. Mas a divergência foi logo superada e o galinho cantou durante muito
tempo.
Assim, no
começo de 1958, começaram as primeiras produções tendo como diretor artístico
Diogo Mulero ( Palmeira ) . Naquela época ainda não tinha a moda do produtor. O
Palmeira formou vários duplas sertanejas, como: Palmeira e Piraci, Palmeira e
Luizinho e finalmente Palmeira e Biá, com quem gravou o grande sucesso “Boneca
Cobiçada“. Era uma pessoa de poucas letras, mas muito inteligente e tinha o
faro do sucesso. Foi também um grande compositor não só de música sertaneja
como também de música popular. Tocava violão, viola e cavaquinho. Talvez tenha
sido com ele que começou a mudança de música caipira para música sertaneja.
A Chantecler
nasceu com o objetivo de revelar novos artistas. Pela própria formação do seu
diretor artístico, a linha de produção implantada estava voltada mais para um
repertório popularesco, também chamado de brega. A 16 de Agosto de 1958 era
lançado o primeiro suplemento da nova gravadora. O LP número um foi “Lampião de
Gás“, reunindo doze sucessos da época, entre eles “Cabecinha no Ombro”. Os
arranjos e orquestra estiveram a cargo do maestro Zico Mazagão.
O disco
recebeu o nº CMG-2001, cuja sigla significa Cássio Muniz Gravações. Foram dez
LPs e dez discos de 78 RPM.
O primeiro
cantor contratado foi Heleu Araújo que gravou o tango “Capricho Cigano”. A nova
gravadora nasceu com boa estrela, pois o primeiro disco em pouco tempo já era
sucesso. Infelizmente esse cantor teve uma carreira muito curta, mas o
suficiente para um histórico LP (nunca relançado).
José Orlando
foi outro novato que, além de gravar um LP com vários sucessos da época, gravou
um disco de 78 RPM com o tango “Somente Tu”, de autoria de Luiz de Castro. Esse
disco vendeu mais de 50 mil cópias e ele deixou um bom repertório na gravadora.
Cláudio de
Barros também estreante, gravou de sua autoria o tango “Cinzas do Passado“,
também um grande sucesso. O curioso é que esse tango não tem
segunda
parte e nenhum crítico da época percebeu isso. Outro grande sucesso desse
cantor foi “Teu Desprezo“, um rasqueado de sua autoria. Gravou três LPs e
vários discos 78 RPM. Renato Guimarães foi outro artista que teve curta
carreira, mas deixou um grande sucesso “Poema“ um bolero de Fernando Dias.
Waldick Soriano deixou uma dezena de LPs sendo que na Chantecler é que estão as suas melhores obras. Entre elas estão: “Quem és Tu“, “Fujo de Ti“ , “Tortura de Amor“, “Justiça de Deus“ e outras. Antes de sua morte eu falei com ele que me disse que gostaria de ver esses discos reeditados. Aproveitei para pegar sua assinatura em um novo contrato com a Warner. José Augusto (já falecido) gravou uma dezena de LPs e todos eles com expressivas vendagens, com destaque para: “Beijo Gelado“, bolero de Rubens Machado e “Sombras”, versão de um tango transformado em bolero. Desde o início da Chantecler, Wilson Miranda gravou vários discos de 78 RPM e vários LPs, com destaque para um LP de Bossa Nova, com arranjos e regência de Roberto Menescal. Nesse LP ele foi o primeiro a gravar “Minha Namorada”.
Waldick Soriano deixou uma dezena de LPs sendo que na Chantecler é que estão as suas melhores obras. Entre elas estão: “Quem és Tu“, “Fujo de Ti“ , “Tortura de Amor“, “Justiça de Deus“ e outras. Antes de sua morte eu falei com ele que me disse que gostaria de ver esses discos reeditados. Aproveitei para pegar sua assinatura em um novo contrato com a Warner. José Augusto (já falecido) gravou uma dezena de LPs e todos eles com expressivas vendagens, com destaque para: “Beijo Gelado“, bolero de Rubens Machado e “Sombras”, versão de um tango transformado em bolero. Desde o início da Chantecler, Wilson Miranda gravou vários discos de 78 RPM e vários LPs, com destaque para um LP de Bossa Nova, com arranjos e regência de Roberto Menescal. Nesse LP ele foi o primeiro a gravar “Minha Namorada”.
Luis Bordon foi outro nome importante nesta primeira fase da Chantecler, ao gravar o LP “Harpa Paraguaia em Hi-Fi”. Foi o primeiro LP somente de harpa, pois nem no Paraguai havia semelhante registro. O LP vendeu mais de 60 mil cópias, isto em 1959, o que para a época era uma grande vendagem. Em seguida veio “A Harpa e a Cristandade” lançado em 1960. Estima-se que este disco, ao longo do tempo, vendeu mais de cinco milhões de cópias. Com o sucesso de Luis Bordon veio uma onda de harpistas paraguaios, mas ninguém conseguiu superá-lo.
Outro músico
que deixou sua marca registrada na Chantecler foi Poly (Ângelo Apolônio). Ele
era maestro e compositor, bem como tocava violão, cavaquinho, bandolim,
guitarra elétrica e guitarra havaiana. Neste seu LP na Chantecler, ele executa
todos esses instrumentos, um disco antológico que nunca foi reeditado. Mas o grande
sucesso dele na Chantecler foi o LP “Noite Cheia de Estrelas“ com solo de
guitarra havaiana. Ele gravou outros LPs na gravadora com este mesmo
instrumento. Gravou também vários LPs com guitarra elétrica, com destaque para
o LP “Baião do Suco, Suco“ e “Moendo Café“. Ainda vale lembrar que ele vendeu
todos os seus direitos patrimoniais para a Chantecler e Continental. Esse
contrato foi registrado no Cartório Medeiros de Títulos e Documentos.
Aimoré foi
outro grande violonista e compositor, amigo e companheiro de Garoto e Poly.
Gravou apenas um LP na Chantecler com obras dele e de Armandinho .
Antonio Carlos Barbosa Lima era um violonista
concertista com residência no Brasil e nos Estados Unidos. Gravou 10 LPs na
Chantecler.O primeiro disco foi “ O Menino e o Violão” e entre seus discos destacamos
“ Modinhas Brasileiras “ e outro com obras de Catulo da Paixão Cearense.
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