Fonte:
Wikipédia, a enciclopédia livre. Fotos: Google.com.br
Edição: Jorge Luiz da Silva
Salvador, BA (da redação
Itinerante do Blog JOLUSI FM)
Informações
gerais
Origens
estilísticas: Samba, jazz
Contexto
cultural: 1957, (Zona Sul do Rio de Janeiro, Brasil - Fim: 1963
Instrumentos
típicos: violão, piano, contrabaixo e bateria
Popularidade:
Amplamente conhecido no Brasil, também significativo nos Estados Unidos, Europa
Ocidental, Japão.
Formas
derivadas: MPB, Sambalanço, Tropicalismo
Bossa Nova é
um movimento da música popular brasileira do final dos anos 50 lançado por João
Gilberto, Tom Jobim, Vinícius de Moraes e jovens cantores e/ou compositores de
classe média da zona sul carioca, derivado do samba e com forte influência do
jazz.
De início, o
termo era apenas relativo a um novo modo de cantar e tocar samba naquela época,
ou seja, a uma reformulação estética dentro do moderno samba carioca urbano.
Com o passar
dos anos, a Bossa Nova tornou-se um dos movimentos mais influentes da história
da música popular brasileira, conhecido em todo o mundo, um grande exemplo
disso é a música Garota de Ipanema composta em 1962 por Vinícius de Moraes e
Antônio Carlos Jobim.
Origens
A palavra
bossa apareceu pela primeira vez na década de 1930, em Coisas Nossas, samba do
popular cantor Noel Rosa: O samba, a prontidão/e outras bossas,/são nossas
coisas(...).
A expressão
bossa nova passou a ser utilizado também na década seguinte para aqueles sambas
de breque, baseado no talento de improvisar paradas súbitas durante a música
para encaixar falas.
Alguns
críticos musicais destacam certa influência que a cultura americana do
Pós-Guerra, de músicos como Stan Kenton, combinada ao impressionismo erudito,
de Debussy e Ravel, teve na bossa nova, especialmente do cool jazz e bebop.
Embora tenha
pouca influência de música estrangeira como o Jazz, a Bossa Nova possui
elementos de samba sincopado.
Além disso,
havia um fundamental inconformismo com o formato musical de época.
Os cantores
Dick Farney e Lúcio Alves, que fizeram sucesso nos anos da década de 1950 com
um jeito suave e minimalista (em oposição a cantores de grande potência sonora)
também são considerados influências positivas sobre os garotos que fizeram a
Bossa Nova.
Um embrião
do movimento, já na década de 1950, eram as reuniões casuais, frutos de
encontros de um grupo de músicos da classe média carioca em apartamentos da
zona sul, como o de Nara Leão, na Avenida Atlântica, em Copacabana.
Nestes
encontros, cada vez mais frequentes, a partir de 1957, um grupo se reunia para
fazer e ouvir música.
Dentre os
participantes estavam novos compositores da música brasileira, como Billy
Blanco, Carlos Lyra, Roberto Menescal e Sérgio Ricardo, entre outros.
O grupo foi
aumentando, abraçando também Chico Feitosa, João Gilberto, Luiz Carlos Vinhas,
Ronaldo Bôscoli, entre outros.
Primeiro
movimento musical brasileiro egresso das faculdades, já que os primeiros
concertos foram realizados em âmbito universitário, pouco a pouco aquilo que se
tornaria a bossa nova foi ocupando bares do circuito de Copacabana, no chamado
Beco das Garrafas.
No final de
1957, numa destas apresentações, no Colégio Israelita-Brasileiro, teria havido
a ideia de chamar o novo gênero - então apenas denominado de samba sessions,
numa alusão à fusão entre samba e jazz -, devido a um recado escrito num
quadro-negro, provavelmente escrito por uma secretária do colégio, chamando as
pessoas para uma apresentação de samba-sessions por uma turma
"bossa-nova".
No evento
participaram Carlos Lyra, Ronaldo Bôscoli, Sylvia Telles, Roberto Menescal e
Luiz Eça, onde foram anunciados como "grupo bossa nova apresentando sambas
modernos".
Início
oficial
Vinicius de
Moraes, principal letrista de canções da bossa nova a partir de "Chega de
Saudade", composição feita com Tom Jobim em 1958 e que consagrou o estilo.
Movimento
que ficou associado ao crescimento urbano brasileiro - impulsionado pela fase
desenvolvimentista da presidência de Juscelino Kubitschek (1955-1960) -, a
bossa nova iniciou-se para muitos críticos quando foi lançado, em agosto de
1958, um compacto simples do violonista baiano João Gilberto (considerado o
papa do movimento), contendo as canções Chega de Saudade (Tom Jobim e Vinicius
de Moraes) e Bim Bom (do próprio cantor).
Meses antes,
João participara de Canção do Amor Demais, um álbum lançado em maio daquele
mesmo ano e exclusivamente dedicado às canções da iniciante dupla Tom/Vinicius,
interpretado pela cantora fluminense Elizeth Cardoso.
De acordo
com o escritor Ruy Castro (em seu livro Chega de saudade, de 1990), este LP não
foi um sucesso imediato ao ser lançado, mas o disco pode ser considerado um dos
marcos da bossa nova, não só por ter trazido algumas das mais clássicas
composições do gênero - entre as quais, Luciana, Estrada Branca, Outra Vez e
Chega de Saudade-, como também pela célebre batida do violão de João Gilberto,
com seus acordes dissonantes e inspirados no jazz norte-americano - influência
esta que daria argumentos aos críticos da bossa nova.
Outras das
características do movimento eram suas letras que, contrastando com os sucessos
de até então, abordavam temáticas leves e descompromissadas - exemplo disto,
Meditação, de Tom Jobim e Newton Mendonça.
A forma de
cantar também se diferenciava da que se tinha na época.
Segundo o
maestro Júlio Medaglia, "desenvolver-se-ia a prática do canto-falado ou do
cantar baixinho, do texto bem pronunciado, do tom coloquial da narrativa
musical, do acompanhamento e canto integrando-se mutuamente, em lugar da
valorização da 'grande voz'".
Em 1959, era
lançado o primeiro LP de João Gilberto, Chega de saudade, contendo a
faixa-título - canção com cerca de 100 regravações feitas por artistas
brasileiros e estrangeiros.
A partir
dali, a bossa nova era uma realidade.
Além de
João, parte do repertório clássico do movimento deve-se as parcerias de Tom
Jobim e Vinícius de Moraes.
Consta-se,
segundo muitos afirmam, que o espírito bossa-novista já se encontrava na música
que Jobim e Moraes fizeram, em 1956, para a peça Orfeu da Conceição, primeira
parceria da dupla, que esteve perto de não acontecer, uma vez que Vinícius
primeiro entrou em contato com Vadico, o famoso parceiro de Noel Rosa e
ex-membro do Bando da Lua, para fazer a trilha sonora.
É dessa
peça, baseada na tragédia Grega Orfeu, uma das belas composições de Tom e
Vinícius, "Se todos fossem iguais a você", já prenunciando os
elementos melódicos da Bossa Nova.
Além de
Chega de saudade, os dois compuseram Garota de Ipanema, outra representativa
canção da bossa nova, que se tornou a canção brasileira mais conhecida em todo
o mundo, depois de Aquarela do Brasil (Ary Barroso), com mais de 169 gravações,
entre as quais de Sarah Vaughan, Stan Getz, Frank Sinatra (com Tom Jobim), Ella
Fitzgerald entre outros.
É de Tom
Jobim também, junto com Newton Mendonça, as canções Desafinado e Samba de uma
Nota Só, dois dos primeiros clássicos do novo gênero musical brasileiro a serem
gravados no mercado norte-americano a partir de 1960.
Mudanças
Em meados da
década de 1960, o movimento apresentaria uma espécie de cisão ideológica,
formada por Marcos Valle, Dori Caymmi, Edu Lobo e Francis Hime e estimulada
pelo Centro Popular de Cultura da UNE.
Inspirada em
uma visão popular e nacionalista, este grupo fez uma crítica das influências do
jazz norte-americano na bossa nova e propôs sua reaproximação com compositores
de morro, como o sambista Zé Ketti.
Um dos
pilares da bossa, Carlos Lyra, aderiu a esta corrente, assim como Nara Leão,
que promoveu parcerias com artistas do samba como Cartola e Nelson Cavaquinho e
baião e xote nordestinos como João do Vale.
Nesta fase
de releituras da bossa nova, foi lançado em 1966 o antológico LP "Os
Afro-sambas", de Vinicius de Moraes e Baden Powell.
Entre os
artistas que se destacaram nesta segunda geração (1962-1966) da bossa nova estão
Paulo Sérgio Valle, Edu Lobo, Marcos Vasconcelos, Dori Caymmi, Nelson Motta,
Francis Hime, Wilson Simonal, entre outros...
Fim do movimento,
da bossa à MPB
Um dos maiores
expoentes da bossa nova comporia um dos marcos do fim do movimento.
Em 1965,
Vinícius de Moraes compôs, com Edu Lobo, Arrastão.
A canção
seria defendida por Elis Regina no I Festival de Música Popular Brasileira (da
extinta TV Excelsior), realizado no Guarujá naquele mesmo ano.
Era o fim da
bossa nova e o início do que se rotularia MPB, gênero difuso que abarcaria
diversas tendências da música brasileira até o início da década de 1980 - época
em que surgiu um pop rock nacional renovado.
A MPB nascia
com artistas novatos, da segunda geração da bossa nova, como Geraldo Vandré,
Edu Lobo e Chico Buarque de Holanda, que apareciam com frequência em festivais
de música popular.
Bem-sucedidos
como artistas, eles tinham pouco ou quase nada de bossa nova.
Vencedoras
do II Festival de Música Popular Brasileira, realizado em São Paulo em 1966,
Disparada, de Geraldo, e A Banda, de Chico, podem ser consideradas marcos desta
ruptura e mutação da bossa em MPB.
Legado
O fim
cronológico da bossa não significou a extinção estética do estilo.
O movimento
foi uma grande referência para gerações posteriores de artistas, do jazz (a
partir do sucesso estrondoso da versão instrumental de Desafinado pela dupla
Stan Getz e Charlie Byrd) a uma corrente pós punk britânica (de artistas como
Style Council, Matt Bianco e Everything but the Girl).
No rock
brasileiro, há de se destacar tanto a regravação da composição de Lobão, Me
chama, pelo músico bossa-novista João Gilberto, em 1986, além da famosa música
do cantor Cazuza composta por ele e outros músicos, Faz parte do meu show,
gravada em 1988, com arranjos fortemente inspirados na Bossa Nova.
Seu legado é
valioso, deixando várias joias da música nacional, dentre as quais Chega de
Saudade, Garota de Ipanema, Desafinado, O barquinho, Eu Sei Que Vou Te Amar, Se
Todos Fossem Iguais A Você, Águas de março, Outra Vez, Coisa mais linda,
Corcovado, Insensatez, Maria Ninguém, Samba de uma nota só, O pato, Lobo Bobo,
Saudade fez um Samba
Artistas do
movimento
Alaíde Costa
Astrud
Gilberto
Baden Powell
Carlos Lyra
Claudette
Soares
Danilo
Caymmi
Elizeth
Cardoso
João Donato
João
Gilberto
Johnny Alf
Luís Bonfá
Luiz Eça
Marcos Valle
Maysa
Miúcha
Nara Leão
Newton
Mendonça
Os Cariocas
Oscar Castro
Neves
Roberto
Menescal
Ronaldo
Bôscoli
Sergio
Mendes
Stan Getz
Sylvia
Telles
Tom Jobim
Toquinho
Vinicius de
Moraes
Wanda Sá
Wilson
Simonal
Zimbo trio
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