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domingo, 28 de setembro de 2014

O que faltou não fez falta: Miley Cyrus traz sua festa sexy surreal para São Paulo


Texto: Tate Montenegro.
Fonte: Território da Música.
Fotos: Camila Cara / T4F Divulgação.
Edição: Jorge Luiz da Silva
Serrinha, BA (da redação Itinerante)





Muita gente desistiu de ir ao show de Miley Cyrus porque a produção do espetáculo pop absurdo da cantora viria desfalcado, sem alguns de seus elementos mais icônicos como o escorregador de língua e o cachorro-quente voador. Mas Cyrus já tinha avisado que ia compensar as faltas com energia e repetiu essa intenção logo no começo da noite de ontem, no Anhembi, completando que apesar da chuva ter passado aqueles que ocupavam as primeiras filas da plateia mereciam uma recompensa pelo perrengue que tinham passado nos últimos dias.


E realmente, o que não teve de acessórios surreais teve de ânimo e troca com o público. Todo artista diz que ama o Brasil, que é o melhor público, etc. Mas a maioria se limita a essas frases em um português de gringo. Miley Cyrus porém ignorou qualquer barreira de linguagem e conversou com os fãs a noite inteira. Não só conversou como cuspiu água, para “dar uma refrescada” no corpo e na garganta depois do primeiro bloco do show, que abriu com “Bangerz”, “4X4” e “Love Money Party” - a última com direito a três video-selfies postados pela cantora no Instagram. Depois das brincadeiras com o público mais “barulhento e esquisito” da turnê, vieram “Maybe You're Right,” “FU”, “My Darling”, “Do My Thang” e “#GetItRight”.


Assim como Wando e os heróis do rock, Miley ganhou calcinhas (item que inclusive era vendido como merchandising oficial) e sutiãs, além de camisetas e todo tipo de tranqueira, que muitas vezes já incorporava ao figurino na hora. Assim como as maiores estrelas do pop, seu público era composto na maioria por adolescentes. As crianças que cresceram com Hannah Montana e agora já se sentem quase adultas - inclusive ficando aborrecidas quando alguém se referia à cantora por esse nome.

Bangerz” é basicamente o atestado de maioridade de Miley, e a sexualidade e transgressão do trabalho e de sua nova persona são coisas com o que esse público se conecta porque está bem na fase de questionar autoridade e experimentar coisas novas, ao menos estar exposto a elas. Mas Miley faz isso de uma forma colorida e non-sense, abrindo a oportunidade de diálogo mas acima de tudo divertindo, com bundas de espuma gigantes, animações de sua cabeça em um frango assado e de gatos espaciais, macacos de pelúcia rosa e toda a trupe de personagens incomuns que dá vida à fantasia psicodélica (ou chapada) da cantora.


SEXO, TRECOS AMBULANTES E POP

Falando em psicodelia, um dos covers da noite foi “Lucy In The Sky With Diamonds”, que muito graças à novela “Império” e para total surpresa de Miley todo mundo cantou junto. Aliás, se o Anhembi só estava com metade de sua capacidade ocupada, o volume da plateia e sua empolgação faziam com que o espaço fosse apenas uma oportunidade para pular e dançar mais.

A versão lenta do clássico dos Beatles dá vazão ao potencial vocal de Cyrus, que é maior do que a média, e visualmente se encaixa perfeitamente no mundo de arco-íris e doces e trecos ambulantes de seus shows. Mesmo nesse momento mais calmo, logo depois das baladas “Drive” - dedicada a uma fã cujo cartaz dizia que ela tinha perdido o cachorro recentemente, assim como a cantora - e “Adore You”, que os fãs fervorosos da grade cantavam para a própria Miley e teve direito a “Kiss Cam” e dois beijos gays (os únicos, diga-se de passagem).


Os outros covers da noite foram “I’ll Take Care”, de Etta James, e “Jolene”, de Dolly Parton, uma homenagem de Miley à sua madrinha (sim, ela é afilhada do ícone country) e terra natal, Nashville - o coração do country (que já aparece na versão de “4X4”).

Nesse momento a cantora liberou o público para fazer um lanche, e a festa voltou oficialmente com o twerk de “23″. Teve espaço até para “Can’t Be Tamed”, que os mais novos se orgulhavam em saber de cor. “We Can’t Stop” e “Wrecking Ball” encerraram a noite (e acabaram de vez com a garganta dos fãs enlouquecidos). Ainda deu tempo para um bis com “Paty In The USA” e chuva de glitter, e um trocadilho final no telão, que depois das luzes se apagarem de vez exibia a mensagem “thanks for cumming” (obrigada por vir/gozar).





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