Texto: Tate Montenegro.
Fonte: Território da Música.
Fotos: Camila Cara / T4F Divulgação.
Edição: Jorge Luiz da Silva
Serrinha, BA (da redação Itinerante)
Muita gente
desistiu de ir ao show de Miley Cyrus porque a produção do espetáculo pop
absurdo da cantora viria desfalcado, sem alguns de seus elementos mais icônicos
como o escorregador de língua e o cachorro-quente voador. Mas Cyrus já tinha
avisado que ia compensar as faltas com energia e repetiu essa intenção logo no
começo da noite de ontem, no Anhembi, completando que apesar da chuva ter
passado aqueles que ocupavam as primeiras filas da plateia mereciam uma
recompensa pelo perrengue que tinham passado nos últimos dias.
E realmente,
o que não teve de acessórios surreais teve de ânimo e troca com o público. Todo
artista diz que ama o Brasil, que é o melhor público, etc. Mas a maioria se
limita a essas frases em um português de gringo. Miley Cyrus porém ignorou
qualquer barreira de linguagem e conversou com os fãs a noite inteira. Não só
conversou como cuspiu água, para “dar uma refrescada” no corpo e na garganta
depois do primeiro bloco do show, que abriu com “Bangerz”, “4X4” e “Love Money
Party” - a última com direito a três video-selfies postados pela cantora no
Instagram. Depois das brincadeiras com o público mais “barulhento e esquisito”
da turnê, vieram “Maybe You're Right,” “FU”, “My Darling”, “Do My Thang” e “#GetItRight”.
Assim como
Wando e os heróis do rock, Miley ganhou calcinhas (item que inclusive era
vendido como merchandising oficial) e sutiãs, além de camisetas e todo tipo de
tranqueira, que muitas vezes já incorporava ao figurino na hora. Assim como as
maiores estrelas do pop, seu público era composto na maioria por adolescentes.
As crianças que cresceram com Hannah Montana e agora já se sentem quase adultas
- inclusive ficando aborrecidas quando alguém se referia à cantora por esse
nome.
“Bangerz” é
basicamente o atestado de maioridade de Miley, e a sexualidade e transgressão
do trabalho e de sua nova persona são coisas com o que esse público se conecta
porque está bem na fase de questionar autoridade e experimentar coisas novas,
ao menos estar exposto a elas. Mas Miley faz isso de uma forma colorida e
non-sense, abrindo a oportunidade de diálogo mas acima de tudo divertindo, com
bundas de espuma gigantes, animações de sua cabeça em um frango assado e de
gatos espaciais, macacos de pelúcia rosa e toda a trupe de personagens incomuns
que dá vida à fantasia psicodélica (ou chapada) da cantora.
SEXO, TRECOS AMBULANTES E POP
Falando em
psicodelia, um dos covers da noite foi “Lucy In The Sky With Diamonds”, que
muito graças à novela “Império” e para total surpresa de Miley todo mundo
cantou junto. Aliás, se o Anhembi só estava com metade de sua capacidade
ocupada, o volume da plateia e sua empolgação faziam com que o espaço fosse
apenas uma oportunidade para pular e dançar mais.
A versão
lenta do clássico dos Beatles dá vazão ao potencial vocal de Cyrus, que é maior
do que a média, e visualmente se encaixa perfeitamente no mundo de arco-íris e
doces e trecos ambulantes de seus shows. Mesmo nesse momento mais calmo, logo
depois das baladas “Drive” - dedicada a uma fã cujo cartaz dizia que ela tinha
perdido o cachorro recentemente, assim como a cantora - e “Adore You”, que os
fãs fervorosos da grade cantavam para a própria Miley e teve direito a “Kiss
Cam” e dois beijos gays (os únicos, diga-se de passagem).
Os outros
covers da noite foram “I’ll Take Care”, de Etta James, e “Jolene”, de Dolly
Parton, uma homenagem de Miley à sua madrinha (sim, ela é afilhada do ícone
country) e terra natal, Nashville - o coração do country (que já aparece na
versão de “4X4”).
Nesse momento
a cantora liberou o público para fazer um lanche, e a festa voltou oficialmente
com o twerk de “23″. Teve espaço até para “Can’t Be Tamed”, que os mais novos
se orgulhavam em saber de cor. “We Can’t Stop” e “Wrecking Ball” encerraram a
noite (e acabaram de vez com a garganta dos fãs enlouquecidos). Ainda deu tempo
para um bis com “Paty In The USA” e chuva de glitter, e um trocadilho final no
telão, que depois das luzes se apagarem de vez exibia a mensagem “thanks for
cumming” (obrigada por vir/gozar).
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