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terça-feira, 13 de maio de 2014

Com novo disco, Nação Zumbi honra o manguebeat e traça novos rumos


Por: Vitor Tavares / Fonte: G1 (PE)
Edição: Jorge Luiz da Silva
Serrinha, BA (da redação Itinerante)



Capa do novo CD de Nação Zumbi tem arte de Ricardo Fernandes e Pedro Pinhel
(Foto: Divulgação)

Show de lançamento do CD no Recife será no dia 7 de junho.
Disco tem parceria com Marisa Monte e single "Cicatriz".

“Quando fica a cicatriz, fica difícil esquecer. Visível marca de um riscado inesperado pra lembrar o que aconteceu [...] Mas essa daqui me traz uma boa lembrança, não vou mais esquecer”. Assim começa a música "Cicatriz", a primeira divulgada do mais novo disco da banda pernambucana Nação Zumbi, que leva do próprio nome do grupo e foi lançado virtualmente esta semana. Maduro e cicatrizado, o grupo continua fincado no manguebeat, mas trazendo novas experiências musicais e parcerias que tiram do CD qualquer classificação por gênero. O show de lançamento do disco foi no Rio de Janeiro, mas o grupo já tem data marcada para comparecer à terra natal: dia 7 de junho, no Baile Perfumado, Zona Oeste do Recife.

Sobre a primeira música divulgada, o baixista da banda, Dengue, explicou a conotação em entrevista dada ao G1. "A gente carrega sim muitas cicatrizes durantes esses anos, mas como Jorge [du Peixe] mesmo canta, a gente tem orgulho, quer mostrar. Até a própria morte de Chico [Science], que foi muito triste naquela época [1997], abalou muito, mas também nos deu força. Tudo que a gente fez continua no som, mas temos inquietude imensa que vai sempre além”.

Nação Zumbi chega ao Recife em 7 de junho
(Foto: Vitor Salerno / Divulgação)

O disco é fruto de hiato de 7 anos sem lançar um novo trabalho de inéditas – o último foi o elogiado “Fome de tudo”, lançado em 2007. Nesse intervalo, porém, o quarteto Jorge du Peixe, Pupillo, Dengue e Lúcio Maia não se separou. Com projetos paralelos, eles viajaram o país com a turnê do Los Sebozos Postizos, cantando canções de Jorge Ben das décadas de 1960 e 1970, mas com elementos de dub e grooves. O período serviu como inspiração, já que os quatro nunca deixaram de pensar na Nação Zumbi mais à frente e produziam, ensaiavam e gravavam músicas inéditas.

O novo disco só foi possível após o patrocínio do selo do projeto Natura Musical, anunciado em 2012. Desde então, a fase de produção do disco começou para valer. "A gente não tinha dinheiro, a banda estava parada, mas estávamos juntos. Antes de chegar o patrocínio, a gente tinha muitas pré-produções, compúnhamos bastante e partimos para fazer demos. A gente fazia os shows dos Los Sebozos e, com o dinheiro, pagava os estúdios de gravação. Quando a Natura chegou, a gente tinha parte do material pronto, mas aí a gente refez tudo, com mais  qualidade, dando uma formatada”, destacou Dengue. Das 11 músicas do disco, seis já estavam prontas antes de 2012 e cinco foram feitas após os patrocínios – todas elas foram compostas pelos quatro integrantes.

Além do single “Cicatriz”, os destaques do disco ficam com a empolgante “Defeito perfeito”, o som marcado pelas alfaias em “Foi de amor” (talvez a que mais lembra antigas canções do grupo da época de Chico Science), além da dançante “O que te faz rir” e a potência roqueira de “Bala perdida”. Soma-se ainda a tranquila “Melhor hora da praia”, parceria com Marisa Monte, que traz uma sonoridade até então inédita para a Nação. Completam o CD “Cuidado”, “Pegando fogo”, “Um sonho”, “Novas auroras” e “Nunca te vi”.

Jorge Du Peixe, vocalista da Nação Zumbi, está com a voz mais madura (Foto: Luka Santos / G1)

O grupo agora segue ensaiando, observando a recepção do público para, assim, chegar ao Recife. “Os recifenses são muito carrascos com a Nação. Mas é normal, cada cidade natal é mais exigente com as bandas locais. Por isso nunca lançamos o disco no Recife. A gente tem que esquentar antes, para chegar com um quente e dois fervendo", brincou Dengue. Antes de chegar a Pernambuco, além dos shows no Rio de Janeiro, Peixe, Pupillo, Dengue, Lucio Maia, Toca Ogan (percussão) e Gilmar Bola 8 (tambor) também se apresentam em São Paulo e Salvador.

O último lançamento comercial da banda havia sido feito em 2012, quando foram lançados o CD e DVD Ao Vivo no Recife, gravados em show no Marco Zero. “Nação Zumbi” é o décimo álbum da banda, com produção assinada por Berna Ceppas e Kassin, que também participam do trabalho. O disco ainda traz as vozes de Lula Lira (filha de Chico Science e cantora do projeto Afrobombas, encabeçado por Jorge du Peixe) e Laya Lopes (cantora da banda O Jardim das horas). O CD está previsto para chegar às lojas ainda este mês.





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