Ainda em 1970 Leno participou do Festival Internacional da Canção, no Maracanazinho , com a música A Última Vez Que Vi Rosane. Foi a prova de maturidade do artista até então rotulado por fazer parte da Jovem Guarda. Sua postura agora era madura e, no final daquele ano, ele apresentaria um ousado projeto em parceria com o amigo e agora produtor da CBS Raul RaulzitoSeixas: o álbum Vida e Obra de Johnny McCartney. Acontece que o país vivia debaixo da Ditadura Militar, e a implacável Censura Federal vetou 5 das 12 músicas, esvaziando o projeto, levando a gravadora a arquivar o disco e anunciar a Leno que as fitas haviam sido apagadas. Leno rescinde seu contrato e é convidado a ir para a gravadora Philiphs, onde permanece por pouco tempo, devido ao fato de ser chamado de volta para a CBS desta vez também como produtor e artista.Em 1971, volta ao Festival Internacional da canção – da Tv Globo – driblando a censura com a mesma “Sentado no arco- íris” do Lp “Vida e obra “, proibida anteriormente - em parceria com Raul Seixas - que se apresenta junto fazendo backing- vocal com Jane Duboc .(“ Primeira letra que eu me orgulho de ter feito”, dizia Raulzito )
Em 1972 retoma a parceria com Lílian, ficando juntos por dois anos, período em que gravaram dois LPs. No primeiro, com produção do próprio Leno, eles contaram com a participação do já "maluco beleza", Raulzito, nos vocais e na guitarra em algumas faixas de sua autoria (Deus é Quem Sabe, Objeto Voador, Um Drink ou Dois). No segundo, lançado em 1973, tiveram os sucessos Amantes de Verão e A tarde em que te amei .
Em 1974, ele retoma sua carreira solo, parceria com o Renato quando o grupo grava Só Por Causa de Você. No mesmo ano Leno compõe e grava a música Flores Mortas, primeiro lugar nas paradas de sucessos e primeira composição onde se denuncia a especulação imobiliária e perda da qualidade de vida nas grandes cidades ( “A ambição faz com que esqueçam quanto vale a natureza, e é de asfalto e de concreto que eles plantam seus jardins” ) Agora não havia mais como rotulá-lo ou ignorar seu talento. Ele revelou-se definitivamente amadurecido, aliando romantismo a uma firme postura crítica, de cunho social e ecológico, tornando-se um dos precursores do movimento ambientalista no meio artístico. Esta fase atinge o apogeu em 1976, com o álbum Meu Nome é Gileno.
Leno chegou a ser o apresentador do famoso programa Rock Concert, da TV Globo, que trazia as novidades quentes dos Estados Unidos e Inglaterra. Sua narração e pronúncia perfeitas foram a marca destes programas, que sobreviveram ao tempo graças aos cuidados dos colecionadores. Em 1978, lançou um compacto duplo com destaque para a música Mudanças e Feitiço
(inédita de Roberto e Erasmo ) No final dos anos setenta Leno vai morar em Los Angeles, onde toca com o baterista Jim Keltner, Moacir Santos e outras feras, e chegou a gravar um compacto com Ruby Tuesday ( Jagger-Richards) em gravação percursora do soft- rock com a bossa-nova) bem executada nas Fms de Los Angeles.
Retornaria ao Brasil em 1981, lançando em seguida o LP Encontros no Tempo, inicialmente gravado em Los Angeles e finalizado no Rio, onde flerta com a bossa-nova e ritmos nordestinos, e tem as participações de Sérgio Dias, Jackson do Pandeiro, Robertinho de Recife e Antonio Adolfo. Em 1984 compõe a música Rosa de Maio tema do personagem vivido pôr Carla Camurati na novela Livre Para Voar (TV Globo). Lançou mais uma LP, Coração Adolescente, agora pela gravadora Polydisc. Em 1989, nasceu seu filho Diogo.
Mais uma década se inciava e Leno continuava em atividade.
Em 1994 participa do projeto Academia Brasileira de Música, da Columbia/Sony Music, com o disco Brasil Jovem Guarda, registrando somente grandes sucessos de autores brasileiros daquele movimento musical.( “Gravei 28 músicas , mas ficou tanta coisa boa de fora que daria pra gravar pelo menos mais dois Cds “) Um reconhecimento para este artista que tão bem soube representar o espírito daquele movimento.Em 1995 uma grande surpresa acontece na vida de Leno:as fitas de seu inédito Vida e Obra de Johnny McCartney são descobertas pôr acaso nos arquivos da Sony. Leno decide remasterizar a gravação e editá-la em CD, para isso abrindo seu próprio selo, Natal Records. Animado, ele decide mixar e remasterizar toda sua obra e lançá-la em CD a partir de 1995. Com isso, os fãs do artista puderam ouvir, em caprichadas edições limitadas, em estéreo, os discos Antologia 1966-1966 (Leno e Lilian) e Aquelas Canções - Antologia 1968-1969 (Leno).
Para as comemorações dos 30 Anos da Jovem Guarda, uma série de shows com os ícones do movimento aconteceram pelo país, paralelamente ao lançamento da coletânea de regravações com o mesmo nome, pela Polygram ,que lhe proporciona um disco de Platina pôr suas regravações solo de “A pobreza “ e “O ritmo da chuva”. Novamente a dupla Leno e Lílian se reunia , desta vez em shows, com os seus colegas da Jovem Guarda, para a alegria dos fãs.
Passados os shows, nova fornada de CDs saíam pela gravadora de Leno:Antologia 1972-1973 (Leno e Lilian), Matéria Prima, com participação de Lilian, Renato e seus Blue Caps, Pedro Paulo,e Fevers , assim como O Melhor de Leno 1974-1988. Todos os discos encontram-se esgotados.
Atualmente Leno está de volta aos palcos com uma nova banda, fazendo shows por todo o Brasil que tão cedo aprendeu a conhecer. Toda sua carreira é revisitada, desde os Anos 60, até os dias de hoje, com canções inéditas sendo apresentadas, mostrando que Leno não se conforma em repousar sobre a glória do passado, e sim, continuar fazendo a história de nossa música.. Seu mais recente CD, Idade Mídia , atesta a qualidade e vitalidade deste garoto que como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones.
Texto de Ricardo Puggiali
(Autor do Livro nos Embalos da Jovem Guarda)
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