Por:
Gabriela Portilho. Fonte: mundoestranho.abril.com.br
Edição: Jorge Luiz da Silva
Salvador, BA (da redação
Itinerante do Blog JOLUSI FM)
Imagem: mundoestranho.abril.com.br |
O samba
nasceu na Bahia, no século 19, da mistura de ritmos africanos.
Mas foi no
Rio de Janeiro que ele criou raízes e se desenvolveu, mesmo sendo perseguido.
Durante a
década de 1920, por exemplo, quem fosse pego dançando ou cantando samba corria
um grande risco de ir batucar atrás das grades. Isso porque o samba era ligado
à cultura negra, que era malvista na época.
Só mais
tarde é que ele passou a ser encarado como um símbolo nacional, principalmente
no início dos anos 40, durante o governo de Getúlio Vargas.
Nessa música
brasileiríssima, a harmonia é feita pelos instrumentos de corda, como o
cavaquinho e o violão.
Já o ritmo é
dado, por exemplo, pelo surdo ou pelo pandeiro.
Com o passar
do tempo, outros instrumentos, como flauta, piano e saxofone, também foram
incorporados, dando origem a novos estilos de samba.
"À
medida que o samba evoluiu, ele ganhou novos sotaques, novos modos de ser
tocado e cantado.
É isso que
faz dele um dos ritmos mais ricos do mundo", afirma o músico Eduardo
Gudin. : - )
Ronaldinho. Show de Pagode. Foto: i1.r7.com |
DA RODA AO
PAGODE
Por volta
dos anos 30, diferentes estilos de samba surgiram no Rio de Janeiro
SAMBA-DE-RODA
Muito
parecido com a roda de capoeira, é a raiz do samba brasileiro e está registrado
na Unesco como patrimônio da humanidade.
Surgiu entre
os escravos na Bahia por volta de 1860 e logo desembarcou também no Rio de
Janeiro.
O
samba-de-roda, como a dança, começa devagar e se torna cada vez mais forte e
cadenciado - sempre acompanhado por um coro para repetir o refrão.
Várias
canções do estilo têm versos sobre o mar e as tradições africanas.
"AVÔ"
DO RECO-RECO
Além de
batuques na palma das mãos, os escravos batiam um garfo num prato, obtendo um
som semelhante ao do reco-reco - instrumento que dá força ao samba.
SAMBA DE
BREQUE
Um dos
primeiros estilos nascidos no Rio, foi criado no final dos anos 20 em botecos
da cidade.
No meio do
samba rolavam "paradinhas" onde o cantor falava uma frase ou contava
uma história.
Um dos
mestres foi Moreira da Silva.
O ritmo é
mais picadinho - ou "sincopado", como dizem os músicos -, mas a marca
registrada é mesmo a parada repentina.
Daí o nome
"samba de breque".
Quase sempre
conta uma história engraçada, de um tiroteio entre malandros à história de um
gago que se apaixonou...
Flauta. Imagem: 2.bp.blogspot.com |
FLAUTA
O samba de
breque foi o primeiro estilo a incorporar a flauta como instrumento de samba.
Ela ajuda a
deixar o ritmo mais orquestrado.
PARTIDO-ALTO
Na década de
1930, o partido-alto se popularizou nos morros cariocas.
Entre um
refrão e outro, os músicos criavam versos na hora, quase como repentistas.
As antigas
festas de partido-alto chegavam a durar dias!
A partir dos
anos 70, Martinho da Vila virou um músico marcante do estilo.
A principal
característica é a improvisação.
O
partido-alto se mantém, principalmente, pelo jogo de palavras encaixadas no
momento certo.
O estilo
trata de temas do cotidiano, e sempre com o maior bom humor.
Surdo. Foto: b.vimeocdn.com |
SURDO
O surdo
entrou de vez na roda com o partido-alto.
Tocado com a
mão ou com a baqueta, ele define a pulsação da música.
É o
"coração do samba".
SAMBA-ENREDO
Na década de
1930, quando surgiram os primeiros desfiles de escolas de samba no Carnaval do
Rio, nasceu o samba-enredo.
No início,
os músicos improvisavam dois sambas diferentes: um para a ida e outro para a
volta na avenida onde as escolas desfilavam.
Com o passar
dos anos, o samba-enredo ganhou uma batida mais acelerada que outros sambas - o
que ajuda as escolas a desfilarem no tempo previsto.
A partir dos
anos 80 a coisa mudou, mas, até então, samba-enredo só abordava a história
oficial do Brasil.
CUÍCA
Com o som de
uma "voz grunhindo", foi uma das novidades das baterias das escolas.
A função da
cuíca é mais complementar, dando um tempero extra ao samba.
Oswaldinho e a cuica. Fto: souvaivai80.files.wordpress.com |
SAMBA-CANÇÃO
Outra cria
dos botecos cariocas, o samba-canção apareceu na virada dos anos 30 para os 40.
Logo ficou
famoso como "samba de fossa", perfeito para ouvir após um pé na
bunda... Cartola e Noel Rosa fizeram grandes músicas do estilo.
A batida
mais lenta e cadenciada do samba-canção lembra bastante o bolero, outro ritmo
musical que fazia sucesso nos anos 40.
Em geral, as
canções falam de desilusão amorosa - de amores não correspondidos às piores
traições!
PANDEIRO
Desde a
origem do samba o pandeiro estava presente, mas no samba-canção ele ganhou mais
importância, marcando o ritmo da música no lugar do surdo.
Jackson do Padeiro-Tributo. Imagem: perlbal.hi-pi.com |
BOSSA NOVA
Cansados da
fossa do samba-canção, alguns compositores decidiram fazer músicas sobre temas
mais leves no final dos anos 50.
Nascia a
bossa nova.
Mestres como
Tom Jobim e João Gilberto faziam um samba bem diferente, com grande influência
do jazz.
Com
construções musicais mais "complexas", a bossa nova tem o chamado
"violão gago", tocado num ritmo diferente do da voz e dos outros
instrumentos.
O assunto
preferido eram as belezas da vida, da praia às mulheres, é claro!
Ídolos da Bossa Nova. Imagem: lcapromo.com.br |
VIOLÃO
O símbolo da
bossa nova foi mesmo o violão -além do banquinho... Usado em quase todos os
estilos de samba, é um dos responsáveis pela melodia e harmonia da música.
Violão. Foto: blog.cancaonova.com |
PAGODE
O pagode que
hoje faz sucesso pintou como estilo de samba na década de 1980, no Rio, com
cantores como Jorge Aragão e Zeca Pagodinho.
Nos anos 90,
em São Paulo, ficou mais "comercial" - com direito até a coreografia
dos músicos - e explodiu nas rádios.
O pagode dos
anos 80 era muito influenciado pelo partido-alto.
Já na década
seguinte passou a ter uma pegada mais lenta e romântica.
Nos anos 80,
o principal era a vida na comunidade; nos 90, as letras românticas.
TECLADO
Nos hits
mais modernos, entraram na dança instrumentos eletrônicos, como teclados e
sintetizadores - para desgosto dos sambistas mais tradicionais...
Teclado. images01.olx.com.br |
COMPLETANDO
A BATERIA
Conheça
outros instrumentos importantes para um bom batuque
TANTÃ
Mais fino
que o surdo, também marca o ritmo. Em geral, é tocado com a palma das mãos, sem
que os dedos encostem na membrana.
Tantan. Imagem: 1.bp.blogspot.com |
TAMBORIM
Tocado com
uma vareta de bambu, não marca necessariamente o ritmo do samba, mas traz um
som agudo para o batuque.
Viviane Araujo toca tamborim a frente da bateria do salgueiro. Foto: mguol.com |
CAVAQUINHO
Tem papel
semelhante ao do tamborim: deixa o som mais agudo. Mas faz isso na melodia do
samba, e não na batida rítmica.
Cavaquinho. Imagem: essaseoutras.xpg.com.br |
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