Por: Renato Vieira. Fonte: estadao.com.br
Edição: Jorge Luiz da
Silva.
Salvador,
BA (da redação Itinerante)
Cantor e compositor vê trabalhos
emblemáticos voltarem às lojas
Odair José deu um chega na
tristeza. Depois de anos, está feliz por reencontrar seu verdadeiro eu
artístico em projetos que recuperam a fase áurea de sua carreira. Após o
lançamento da caixa Quatro Tons de Odair José, deve chegar às lojas outro box
com registros feitos nas gravadoras CBS e RCA, além de DVD com o registro do
show O Filho de José e Maria, feito na Virada Cultural deste ano.
"Acho que com esses discos
voltando ao mercado as pessoas saberão quem sou de verdade. Ouvi os Quatro Tons
e me reconheci ali. Aquilo é a minha verdade", conta Odair. Nos anos 1970,
ele desfrutou de seu auge artístico e comercial, sem abrir mão da
independência.
E a vontade de fazer diferente
fez dele um artista sem paralelo. "Ninguém toca violão como eu toco. E
trouxe para as minhas letras uma linguagem da rua. Ninguém fazia isso
antes", relembra. Nos álbuns que fazem parte de Quatro Tons, Odair brigou
para ter músicos tarimbados a seu lado. José Roberto Bertrami (piano e
arranjos), Alex Malheiros (baixo) e Ivan Conti (bateria), que seriam conhecidos
como Azymuth, dão o suporte instrumental ao lado de nomes como Luiz Cláudio
Ramos, futuro maestro de Chico Buarque. "Eu saí da CBS porque queriam me
enquadrar como um artista da Jovem Guarda, no padrão Roberto Carlos. Só Roberto
sabe ser Roberto. Eu queria ser eu."
Odair deixou a CBS rumo à
Phonogram (hoje Universal Music), onde gravou cinco álbuns, lançados entre 1972
e 1976. Quatro deles estão na caixa recém-lançada. Questões como sexo,
religiosidade e drogas dão o tom das letras. "As pessoas me questionavam
muito, diziam que eu era atrevido e não devia tratar de certas situações. Mas a
prostituição, por exemplo, é algo que existe, não dá pra negar", afirma o
artista.
Os relançamentos são o ponto alto
de uma redescoberta que acontece gradualmente há dez anos. O livro Eu Não Sou
Cachorro, Não, de Paulo César de Araújo, foi o ponto de partida do processo,
colocando Odair como protagonista de um estilo de música feito para as massas
com caráter de crônica. "Odair pode ser comparado a Noel Rosa. Os dois têm
o mesmo olhar sobre os costumes da sociedade. São grandes analistas do tempo em
que viveram. Enquanto Noel fala sobre as fábricas de tecelagem dos anos 1940 em
Três Apitos, Odair falava das empregadas domésticas, algo que estava em
evidência em 1970", analisa Araújo.
Com o retorno dos álbuns ao
mercado, Odair quer fazer shows para divulgá-los, possivelmente com músicas que
ele não interpreta há muito tempo, entre elas Barra Pesada, balançada música de
1974 com o toque pesado de Bertrami nos teclados. "Eu a toquei uma vez em
show, com arranjo diferente, acho que agora vou fazê-la com o original",
conta ele. Talvez seja a hora dessa e de outras canções retornarem ao
repertório de um artista que, ao olhar para trás, projeta futuro promissor.
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